Uma operação da Polícia Militar (PM) contra o tráfico de drogas no bairro Jardim Felicidade, na região Norte de Belo Horizonte, terminou com a prisão de um sobrinho do famoso traficante Roni Peixoto, que foi executado a tiros em abril de 2022. O familiar do criminoso, um rapaz de 26 anos, foi detido na noite de terça-feira (6 de agosto) com diversas drogas e uma arma no bairro onde, desde o início do ano, acontece uma intensa guerra pelo comando criminoso da região.

A operação tinha o intuito de coibir o tráfico na região da gangue conhecida como Gangue do Brejo (GB), que atua no tráfico de drogas e disputa a região com o grupo criminoso conhecido como 38, que faz referência à rua José Furtado Sobrinho, antiga rua Trinta e Oito. Na manhã de terça, a Polícia Civil prendeu 20 pessoas das duas facções em uma operação

Conforme a PM, os militares se posicionaram em um local estratégico e conseguiram flagrar o suspeito traficando. Uma viatura se aproximou pela via principal para forçar a fuga do suspeito, sendo que as principais vias por onde ele poderia fugir foram cercadas. 

Ao perceber a aproximação dos policiais, o sobrinho de Roni Peixoto correu e dispensou uma mochila, entrando em um bar onde ele acabou abordado. No bolso do rapaz estavam R$ 115 em dinheiro e, na bolsa jogada atrás de um carro por ele, foram apreendidas 153 buchas de maconha, 215 pinos de cocaína, 80 pedras de crack e um revólver calibre 38 com seis munições. 

O homem foi preso em flagrante e optou por permanecer em silêncio. 

Família no crime

Ao longo de sua trajetória no crime, Roni Peixoto envolveu uma série de familiares no mundo do tráfico de drogas. A mulher, irmãs, sobrinhos e a própria filha do traficante já estamparam as páginas policiais. Uma das parentes mais conhecidas, Eliana Peixoto de Souza, a Rata, tem extensa ficha criminal e chegou a ser presa ao lado do irmão com meia tonelada de maconha, em 2007.

A irmã dele, Edna Peixoto, foi presa em 2018 suspeita de tráfico de drogas no bairro Floramar, assim como o bairro Jardim Felicidade, na região Norte de BH. A filha de Roni Peixoto, Natasha Peixoto, também foi parar atrás das grades em 2012 suspeita de integrar uma organização ligada ao tráfico de drogas, homicídios e roubos em Ribeirão das Neves.

Roni Peixoto era considerado um dos maiores traficantes de Minas Gerais, sendo apontado como braço direito de Fernandinho Beira-Mar no tráfico da Pedreira Prado Lopes, em BH. Ele foi morto no dia 11 de abril de 2022 em Santa Luzia, na região metropolitana, onde ele vivia e frequentava uma igreja evangélica, local em que costumava dar testemunhas da sua vida no crime. 

O "ex-traficante", como se denominava, disse que "aceitou Jesus" ainda enquanto cumpria pena na Penitenciária José Maria Alkimin, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana.

Quem era Roni Peixoto?

A primeira prisão de Roni Peixoto por tráfico de drogas data de 1995, quando foi detido pelo crime e apontado como braço-direito de Fernandinho Beira-Mar, em Minas Gerais. Dois anos depois, o traficante foi condenado a mais de 12 anos de prisão e, com o passar dos anos, novas condenações surgiram. 

A primeira fuga do traficante conhecido como "Gordo" data de maio de 2007, quando ele cumpria pena no Presídio José Maria Alkimim, em Ribeirão das Neves. Na época, ele havia recebido da Justiça o benefício da saída temporária e não voltou na data prevista.

Algumas semanas depois, ele foi detido em uma operação com mais de 500 kg de maconha, próximo à Pedreira Prado Lopes, seu local de atuação na capital mineira. Roni chegou a comandar por muito tempo todo o tráfico na região.

Depois de idas e vindas, em julho de 2011 ele deixou a mesma penitenciária, novamente beneficiado pela justiça com o regime semiaberto. Na época, advogados do traficante apresentaram um pedido para que ele trabalhasse em uma oficina automotiva. Peixoto não voltou à prisão conforme o combinado e foi encontrado em outubro do ano seguinte, em Goiânia, escondido em uma casa sob forte proteção do tráfico.

Preso desde 2012, na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, Peixoto cumpria uma pena total de 35 anos. Em março de 2018, com 47 anos, ganhou mais uma vez o benefício do semiaberto e foi transferido para o Complexo Público Privado III, em Neves.

Em abril de 2019, o Gordo, como também era chamado, saiu do presídio após determinação da Justiça para cumprir sua pena em casa e sem a tornozeleira eletrônica. Quando ganhou a prisão domiciliar, ele tinha cumprido 24 anos e seis meses da pena.

À época, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) alegou que Peixoto já cumpria sua pena em regime semiaberto desde maio de 2017 e conquistou o benefício por já ter cumprido mais da metade da pena. A juíza explicou que ao traficante foi permitida a prisão domiciliar porque não há uma Casa do Albergado, destinada à execução do regime aberto, em Ribeirão das Neves.