Roni Peixoto, considerado um dos maiores traficantes de Minas Gerais e apontado como braço direito de Fernandinho Beira-Mar no tráfico iniciado na Pedreira Prado Lopes, foi morto nesta segunda-feira (11). O crime foi em Santa Luzia, na região metropolitana, onde ele vivia e frequentava uma igreja evangélica, local em que costumava dar testemunhas da sua vida no crime.
O "ex-traficante", como se denominava, disse que "aceitou Jesus" ainda enquanto cumpria pena na Penitenciária José Maria Alkimin, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana.
O crime também faz parte da família da vítima desta segunda-feira. A irmã dele, Edna Peixoto, foi presa em 2018 suspeita de tráfico de drogas no bairro Floramar, em Belo Horizonte. A filha de Roni Peixoto, Natasha Peixoto, também foi parar atrás das grades em 2012 suspeita de integrar uma organização ligada ao tráfico de drogas, homicídios e roubos em Ribeirão das Neves.
Quem é Roni Peixoto?
A primeira prisão de Roni Peixoto por tráfico de drogas data de 1995, quando foi detido pelo crime e apontado como braço-direito de Fernandinho Beira-Mar, em Minas Gerais. Dois anos depois, o traficante foi condenado a mais de 12 anos de prisão e, com o passar dos anos, novas condenações surgiram.
A primeira fuga do traficante conhecido como "Gordo" data de maio de 2007, quando ele cumpria pena no Presídio José Maria Alkimim, em Ribeirão das Neves. Na época, ele havia recebido da Justiça o benefício da saída temporária e não voltou na data prevista.
Algumas semanas depois, ele foi detido em uma operação com mais de 500 kg de maconha, próximo à Pedreira Prado Lopes, seu local de atuação na capital mineira. Roni chegou a comandar por muito tempo todo o tráfico na região.
Depois de idas e vindas, em julho de 2011 ele deixou a mesma penitenciária, novamente beneficiado pela justiça com o regime semiaberto. Na época, advogados do traficante apresentaram um pedido para que ele trabalhasse em uma oficina automotiva. Peixoto não voltou à prisão conforme o combinado e foi encontrado em outubro do ano seguinte, em Goiânia, escondido em uma casa sob forte proteção do tráfico.
Preso desde 2012, na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, Peixoto cumpria uma pena total de 35 anos. Em março de 2018, com 47 anos, ganhou mais uma vez o benefício do semiaberto e foi transferido para o Complexo Público Privado III, em Neves.
Em abril de 2019, o Gordo, como também era chamado, saiu do presídio após determinação da Justiça para cumprir sua pena em casa e sem a tornozeleira eletrônica. Quando ganhou a prisão domiciliar, ele tinha cumprido 24 anos e seis meses da pena.
À época, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) alegou que Peixoto já cumpria sua pena em regime semiaberto desde maio de 2017 e conquistou o benefício por já ter cumprido mais da metade da pena. A juíza explicou que ao traficante foi permitida a prisão domiciliar porque não há uma Casa do Albergado, destinada à execução do regime aberto, em Ribeirão das Neves.
Família no crime
Ao longo de sua trajetória no crime, Roni Peixoto envolveu uma série de familiares no mundo do tráfico de drogas. A mulher, irmãs, sobrinhos e a própria filha do traficante já estamparam as páginas policiais. Uma das parentes mais conhecidas, Eliana Peixoto de Souza, a Rata, tem extensa ficha criminal e chegou a ser presa ao lado do irmão com meia tonelada de maconha, em 2007.
A filha de Peixoto, Natasha dos Santos Peixoto, também responde a processo na Justiça, acusada de aderir ao negócio da família. Em 2012, ela foi presa ao lado de outros 26 suspeitos de integrar uma quadrilha ligada à venda de drogas e a outros crimes. Em 2018, um rapaz de 18 anos, que seria sobrinho de Peixoto, também foi detido.
Com tantos parentes no tráfico, a família de Peixoto pode estar dividida com a notícia da liberdade. “O pessoal está com medo de ser rebaixado, de perder o emprego”, disse um morador da Pedreira Prado Lopes, na região Noroeste de BH.