Uma avaliação da perícia da Polícia Civil sugeriu a transferência de Welbert de Souza, de 26 anos, réu pela morte do sargento Roger Dias em janeiro deste ano, para um hospital psiquiátrico. A medida foi anunciada menos de um mês após a polêmica envolvendo a aprovação da transferência pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que motivou, inclusive, uma publicação em tom crítico do governador Romeu Zema (Novo). 

A partir da análise da instituição policial, a defesa do suspeito protocolou na Justiça, nesta sexta-feira (20 de setembro), um pedido de análise urgente, solicitando a transferência do preso. O pedido se baseia em um relatório que indica a presença de sintomas psicóticos graves no acusado.

No entanto, em decisão de 2 de setembro a Justiça havia negado o pedido, alegando falta de provas. O advogado Bruno Torres, responsável pela defesa do réu, acredita que, com o relatório da Polícia Civil, publicado em 9 de setembro, a decisão poderá ser revista.

"Agora temos uma prova inequívoca", afirmou. No processo, a defesa apresentou um relatório sobre o estado mental do réu, elaborado pelo mesmo psiquiatra que avaliou Adélio Bispo, autor do atentado contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Na análise, a perícia da Polícia Civil destacou a falta de convicção sobre a sanidade mental do réu e solicitou entrevistas com seus familiares. Apesar disso, considerou que "o periciado possui um transtorno mental relevante que não está em tratamento regular". Assim, recomendou "a internação psiquiátrica para estabilização do quadro".

"Caso não seja possível, ou enquanto se aguarda uma vaga, recomenda-se acompanhamento psiquiátrico e psicológico intensivo até a estabilização a ser aferida pela equipe assistencial", destacou a perícia no relatório.

Insanidade mental

A solicitação de transferência de Welbert é baseada em um laudo recente, assinado pelo psiquiatra forense Hewdy Lobo Ribeiro, conhecido por ter conduzido a avaliação de Adélio Bispo, autor do atentado contra o ex-presidente Jair Bolsonaro em 2018.

Conforme o laudo, o réu apresenta sintomas psicóticos graves, mesmo estando em tratamento na unidade prisional. As principais hipóteses diagnósticas incluem esquizofrenia paranoide e transtornos psicóticos induzidos por substâncias. A avaliação aponta a necessidade urgente de revisão do tratamento.

O crime 

O sargento da Polícia Militar Roger Dias da Cunha, de 29 anos, foi baleado durante uma perseguição a dois suspeitos, na noite de uma sexta-feira (5 de janeiro), no bairro Novo Aarão Reis, na região Norte de Belo Horizonte. Ele foi atingido por três disparos. Vídeos de câmeras de segurança flagraram o momento em que o agente é atingido na cabeça.

Segundo informações da PM, guarnições do 13º Batalhão perseguiam um carro na Avenida Risoleta Neves, quando o motorista teria perdido o controle da direção e batido contra um poste. Após o acidente, os suspeitos desceram do carro e continuaram a fuga a pé.

Um deles foi alcançado pelo sargento. Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que o militar se aproxima do suspeito e dá ordem de parada, mas é surpreendido pelo criminoso, que saca uma arma e atira à queima-roupa contra o policial. Ele estava foragido da prisão, após saidinha de Natal, o que motivou uma discussão sobre o benefício em nível nacional.

O vídeo mostra que o agente cai na sequência. Em seguida, militares chegaram ao local e socorreram o colega, que chegou a ser levado ao Hospital João XXIII, na região Centro-Sul da capital. Mas, dois dias depois, teve a morte cerebral confirmada. O militar doou os órgãos