Quem mora em Minas Gerais e já visitou Belo Horizonte, certamente criou alguma memória do Mercado Central. Seja uma memória olfativa, visual ou memória de alguma saborosa iguaria que só se encontra lá. A professora Renata Marli da Silva, 47, que mora em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, conta que não perde a oportunidade de fazer compras no Mercado. “Sempre que venho à BH, passo aqui no Mercado. Minha maior lembrança é a mistura de cheiros, mas também tenho memória das frutas. São deliciosas”, conta.
Em nome dessa memória que cada um carrega consigo e das memórias que o próprio Mercado reúne em 95 anos de história, — que são celebrados neste sábado, 7 de setembro —, que o Acervo Público da Cidade de Belo Horizonte (APCBH) vai reunir e preservar itens que recontam a história do terceiro maior mercado municipal do mundo.
Até então, os registros das nove décadas e meia de história ficavam sob responsabilidade da administração do mercado, mas, a partir da assinatura do documento que concede o acervo à secretaria de cultura da capital, todo material será preservado pela Prefeitura de Belo Horizonte. O documento foi assinado neste sábado, durante a festa de aniversário do Mercado, que acontece desde às 9h e segue até 19h, com shows e gastronomia. A entrada é franca, mediante a retirada de ingressos.
Para o presidente do Mercado Central, Ricardo Vasconcelos, o repasse do acervo é um presente para o estabelecimento e também para toda cidade.
“Os nossos registros históricos, desde que nos organizamos como associação, são importantes para nós, mercado, que conta nossa história, mas também para toda cidade. É um olhar da cidade para o que aconteceu por dentro do Mercado. Isso é importante que seja preservado, que seja guardado, que as pessoas tenham acesso e possam consultar, não há nada de secreto, são informações que estão nos cartórios, mas o livro, aquele testemunho ocular, que conta nossa história, está aqui dentro e precisa de um olhar de pesquisador, consevador, para que dure até nosso bicentenário”, comenta.
História e patrimônio
O Mercado Central de Belo Horizonte surgiu em 7 de setembro de 1929 em um terreno de 22 lotes, próximo à praça Raul Soares, que abrigava feirantes dispostos a vender os principais insumos para os habitantes da cidade. De lá para cá, muita coisa mudou. As barracas deram espaços às lojas e as tendas a um telhado. Alguns itens não são mais vendidos, enquanto outros, fazem parte da identidade do Mercado Central.
O restaurante Casa Cheia, do Wilmar de Jesus, por exemplo, nos 95 anos de Mercado, há 46 está presente. Além do sustento da família dele, o local também faz parte da história dele.
“É quase um século de vida. São muitas histórias para contar, eu, por exemplo, cresci aqui dentro e hoje é meu trabalho, minha fonte de renda. Eu conheço outros mercados, mas igual a esse não tem. Acho que o carisma das pessoas, a forma de tratar é que faz ele ser o que é”, diz.
Parabéns
Para comemorar o aniversário, um enorme bolo fake de cinco andares foi posto no palco onde as atrações da festa se apresentavam. Após cantar parabéns, 8 mil brownies foram distribuídos aos presentes.