Estar em casa se tornou um desejo distante para a autônoma Tamires Silva, de 27 anos. Isso porque a residência onde ela morava com as duas filhas e o marido foi uma das atingidas pela chuva do último domingo (12) em Ipatinga, na região do Vale do Aço, em Minas Gerais. Parte de um barranco cedeu e invadiu o imóvel localizado no bairro Bethânia, um dos mais afetados pelo temporal. "Foi um pesadelo e que eu espero acordar", relata.
Desde o domingo (12), Tamires está com a sua família no estádio Ipatingão, local para onde algumas das vítimas das chuvas no município foram levadas. O espaço, segundo a prefeitura, conta com cerca de 50 pessoas. Os demais desalojados se encontram na escola Chirlene Cristina Pereira, no bairro Bethânia.
"Infelizmente, aqui se tornou o meu lugar. Não quero voltar para a minha casa nunca mais. Aquilo se tornou um pesadelo", desabafa.
Tamires só percebeu que a sua casa havia sido atingida após receber ligações de pessoas próximas que perguntaram se ela e a família estavam em segurança. "Me ligaram para saber se tinha acontecido algo. Eu disse que não. Quando saí para olhar, abri a porta e a lama veio para dentro da minha casa, entrei em desespero. Vi que o banheiro estava caindo e só depois disso me dei conta que a minha casa estava em risco", relata.
A casa de Tamires foi comprada por ela e o marido quando decidiram se mudar para Ipatinga. Eles deixaram o município de Tarumirim, localizado a cerca de 83 quilômetros. "A gente, agora, vai ter que contar com a ajuda para recomeçar a vida. Não quero voltar para Tarumirim. Quero ter forças para seguir com a minha vida", expõe.
Assim como Tamires, voltar para a casa se tornou um desejo distante para Renato da Silva Dias, de 38 anos, morador do bairro Vila Celeste. Ele também precisou deixar a residência, onde vivia com a esposa e a filha de 7 anos. "Estávamos na área de risco. A minha vizinha faleceu e o marido dela também. Então viemos para o abrigo porque lá é muito perigoso para nós", conta.
A família deixou o imóvel no começo da noite do domingo (12), logo após conseguir retirar alguns móveis e eletrodomésticos, tais como geladeira, cama, fogão, botijão de gás, entre outros. Os bens foram levados para a casa da avó de Renato, que também reside no município. "Felizmente, não destruiu nada onde a gente mora. O teto molhou, entrou um pouco de barro na varanda, mas nada grave. Mas ficar lá é muito perigoso. Dá medo", aponta.
Renato e sua família moravam de aluguel na casa que precisaram deixar. "O meu sonho é ter condições financeiras para ter a nossa casa. Mas enquanto isso, não quero voltar para lá. É muito ruim para a minha família", aponta.
Auxílio
A Prefeitura de Ipatinga, no Vale do Aço, publicou o decreto 11.415, que assegura o pagamento de um salário mínimo para as famílias atingidas pela chuva. A cidade decretou situação de emergência após o temporal do último domingo (12). Dez pessoas morreram e cerca de 150 ficaram desalojadas.
O texto publicado no Diário Oficial do Município (DOM) prevê o pagamento de um salário mínimo para famílias com até cinco integrantes e de um salário mínimo e meio para famílias com mais de cinco integrantes. O valor será pago em parcela única.