Após um atraso na entrega das obras da bacia Vilarinho II, que visa conter enchentes na região de Venda Nova, a prefeitura de Belo Horizonte deu um novo prazo para concluir a estrutura. O executivo municipal projeta que, já no próximo período chuvoso, a bacia, que poderá reter até 100 milhões de litros de água, estará operando. A estrutura é um desejo de quem convive na avenida Vilarinho.

O superintendente da Sudecap, Leonardo Gomes, explicou que dificuldades técnicas, relacionadas à escavação da bacia, impediram que as obras fossem entregues em 2024, prazo inicial de conclusão. Ele explica que a bacia terá uma profundidade de 30 metros, o equivalente a um prédio de dez andares.

“Você tem interferências de nível de lençol freático que vão atrasando a obra porque o lençol freático sobe e escavação começa a ficar mais lenta. É uma obra que demanda muita técnica e muito cuidado para a execução, porque é uma escavação profunda. Isso impactou no cronograma de obra, mas esse ano a gente entrega, no próximo período de chuva vai estar 100%”, garante.

Mesmo atendida por cinco bacias, Tereza Cristina segue castigada por cheias 

Leonardo Gomes também explicou a situação da avenida Tereza Cristina, que também se transforma em ‘rio’ durante chuvas fortes. Nem mesmo as cinco bacias de contenção projetadas para evitar as enchentes na via têm sido suficientes. O superintendente da Sudecap explica que outras duas bacias – B3 e B4, em Contagem – precisam ser concluídas para a situação mudar.

“Boa parte da água que chega na Tereza Cristina vem do Barreiro Já temos cinco bacias (Bonsucesso, Olaria, Jatobá, o Túnel/Camarões e a B5). Todas estão 100% operacionais. A gente tem também no sistema do Córrego Ferrugem, que é onde está a B5, as bacias B3 e a B4, que estão em construção. Essas obras têm que ser terminadas também tem que ser construída, tem que ser terminada. E o sistema de macrodrenagem para resolver o problema da Tereza Cristina está sendo executado”, detalha.

Ainda conforme Leonardo, outras intervenções são planejadas na região. A principal delas é uma alteração estrutural no ponto de encontro do córrego Ferrugem com o rio Arrudas. 

“Quando o Ferrugem encontra o Arruda, ele entra no Arrudas em um ângulo de 90 graus. Ali tem um represamento de água e quando o Arrudas está subindo seu nível, dá um problema da entrada de água do Ferrugem no Arrudas. Vamos melhorar essa conformação, para a água entrar não em 90 graus. Vamos mudar o ângulo para ela correr no fluxo do Arrudas e com isso diminuir o represamento e o transbordamento principalmente naquele ponto”, explica.

Leonardo explica que o projeto está pronto e precisa ser licitado. Antes, porém, conforme o gestor, é preciso que as obras das bacias B3 e B4, em Contagem, fiquem prontas. O TEMPO pediu um posicionamento à prefeitura de Contagem a respeito da conclusão das obras e aguarda retorno. A reportagem será atualizada em caso de resposta.

Bacias B3 e B4

As bacias B3 e B4 foram planejadas para reter mais de 480 milhões de litros de água. A B4 está sendo construída na Vila Itaú, atrás do ItaúPower Shopping, em Contagem, e vai ocupar 62 mil m². Já a outra, a B3, tem um desenho de 29 mil m² de área na Vila PTO, no Industrial. O projeto inclui o remanejamento de 1,5 mil famílias, e a urbanização completa do entorno das bacias, incluindo uma pista de caminhada na Vila Itaú.  

Como as enchentes serão eliminadas?

As bacias vão reter um volume considerável de água da chuva, diminuindo o fluxo no córrego Ferrugem. Assim, o córrego estará menos cheio quando encontrar o rio Arrudas, na avenida Tereza Cristina, entre Contagem e BH. E se o rio não transborda, as pessoas não sofrem com alagamentos.  

A principal diferença, segundo o coordenador da Defesa Civil de Contagem, Renato Carlos da Silva, está na velocidade com que as águas escorrem. “Essas bacias de contenção vão diminuir a velocidade da água na superfície. A água da chuva junto com o córrego Ferrugem, ao invés de cair direto no Arrudas, entra para as bacias. Parte infiltra nos lençóis freáticos e o resto é, aos poucos, liberado”, explica.

De fato, as vilas na Cidade Industrial, em Contagem, já viveram grandes tragédias relacionadas às chuvas. Em 2020, um dos anos mais chuvosos da história da Grande BH, as vilas Itaú e Barraginha foram totalmente desocupadas após serem inundadas pelas chuvas. O histórico é antigo e inclui a tragédia da Vila Barraginha, em que 36 pessoas morreram e centenas ficaram feridas e desabrigadas por um deslizamento de terra em 92.  

O que começa na região industrial termina às margens do Arrudas, na Tereza Cristina. “Com as bacias de contenção, o grande ganho será na Tereza Cristina. Quando o Ferrugem chega no Arrudas, transborda muito, dá aproximadamente 1 metro de lama d'água no entorno. A população ali sofre muito com inundações”, continua Ferreira. Segundo ele, a expectativa é que o controle do fluxo no córrego amenize os problemas das enchentes. “Ao menos 75% da água que chegaria ao Arrudas vai ficar retida. Vai ser possível segurar esse volume de até 480 milhões de litros e soltá-lo devagar”. 

Posicionamento

Em nota, a Prefeitura de Contagem destacou o prazo para entrega das bacias e outras obras que estão sendo realizadas. Leia posicionamento abaixo

A Secretaria de Obras e Serviços Urbanos informa que as bacias B3 e B4 estão programadas para serem entregues durante o ano de 2025, estando, ambas, em fase final. Desde que iniciaram, em 2023, elas estão ajudando na contenção de chuvas, prevenindo maiores problemas na cidade.

Além delas, há, em andamento, as bacias B2 e B5. A B2, da praça Rio Volga, de responsabilidade do Estado, já está funcional e, atualmente, conta com intervenções de urbanização na área da praça, etapa que deve ser terminada em maio de 2025. 

Em planejamento estão outras bacias, em fase de elaboração. Há dois projetos distintos de implantação de novas bacias em Contagem. Trata-se das bacias de contenção de cheias B6B e B6C e as bacias 07B e 07C.

As bacias B6B e B6C vislumbram para resolver a questão das inundações que ocorrem na região da Vila Marimbondo, com implantação nas proximidades das ruas Candeias e Oiticicas, com o objetivo de eliminar o alto risco de inundações no local, bem como implantar as obras de adequação da macrodrenagem na av. Francisco Firmo de Matos, no trecho entre as avenidas Rio São Francisco e Vila Rica.

Quanto às bacias 07N e 07C, trata-se de um projeto ainda em processo de desenvolvimento. Sua localização será entre o córrego da rua Dorinato Lima e avenida 5, no Riacho.