Se você é morador da Região Metropolitana de Belo Horizonte, é bem provável que tenha visto os chamados “bichinhos de luz” rondando lâmpadas durante a noite nesta terça-feira (09/09).  A chegada desses insetos, que são cupins reprodutores em busca de parceiros e de novos cupinzeiros, apesar de incômoda, representa que em breve — cerca de três ou quatro dias após a revoada — vai chover. E a previsão não nega: “existe possibilidade de as primeiras chuvas chegarem já no domingo (14/09)”, afirma o meteorologista Ruibran dos Reis.

“Todos os anos, esses insetos reproduzem-se antes da primeira chuva, quando a massa de ar quente e seco propicia essa reprodução. Assim, três ou quatro dias depois, temos chuva na localidade”, explica.

Ainda segundo o meteorologista, a previsão é que no domingo, a RMBH tenha chuvas isoladas, e que de segunda a quarta-feira (15 a 17/09), o fenômeno acometa outras regiões do estado. “Esse calor que estamos vendo nesses dias favorece a possibilidade de trovoadas, sobretudo no Sul de Minas, na Zona da Mata, região Oeste e Central, com previsão de raios e rajadas, além de granizo”, completou.


Mas, e os bichinhos?


O  professor Henrique Paprocki, diretor do Museu de Ciências Naturais da PUC Minas e doutor em entomologia, explica que são dois tipos de insetos: cupins e formigas.

“Quando chega essa época do ano, esses bichos saem de seus cupinzeiros e formigueiros com intuito de reproduzir. Os que saem, são insetos reprodutores alados (com asas), em grandes proporções, gerando quase um desperdício da natureza, já que a maioria não conseguirá cumprir com esse objetivo. Mas eles saem de forma coordenada (todos os cupinzeiros e formigueiros, ao mesmo tempo) com intuito de cruzar entre diferentes espécies, aumentando a variedade genética”, explica.

A chuva é um facilitador para os novos insetos, que se adaptaram ao período chuvoso. “Algumas pessoas acreditam que eles conseguem prever a chuva, mas tudo isso faz parte da evolução natural da espécie. A chuva deixa o solo mais macio, facilitando a construção dos ninhos, ajuda na produção de flores e frutos, que servem de alimento. Imagina se a reprodução fosse no início do inverno, que é um longo período de seca, a chance de sobrevivência seria bem menor”, detalha.

Além disso, segundo o especialista, a busca pelos pontos de luz é uma desorientação. “Eles se orientam pela luz da lua, mas, como há muita luz artificial, acabam se confundindo e morrendo em volta dessas lâmpadas, prejudicando seu sucesso reprodutivo.”

Os insetos são inofensivos, e, infelizmente, não há como evitá-los, apenas reduzir a atração deles. “De modo geral, as luzes amarelas atraem menos insetos do que as luzes brancas, devido à menor componente ultravioleta”, finalizou.