Após anunciar fechamento do hospital Risoleta Neves por sobrecarga de atendimentos, a diretoria do complexo de saúde voltou a abrir as portas na manhã desta quinta-feira (23). Apesar disso, a unidade que fica na região de Venda Nova prega cautela e diz que vai avaliar "caso a caso" dos pacientes.
Já às 7h de hoje (23), o hospital informou que atendeu 136 pacientes no Pronto-Socorro. "O número permanece alto em relação à capacidade ideal de atendimento no PS, que é de 90 pacientes simultaneamente, mas o cenário atual é mais favorável do que o vivenciado por pacientes e trabalhadores na data de ontem", disse em nota.
O alívio no atendimento ocorre não só após o fechamento, mas também depois que a secretaria municipal de Saúde de BH fez transferências de pacientes que estavam internados na unidade. Além disso, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) evitou socorrer novos feridos para o Risoleta Neves.
Ainda segundo a diretoria do hospital, ainda não foi possível restabelecer completamente o ritmo habitual.
"Manteremos a porta aberta aos pacientes que chegarem à nossa unidade na expectativa de que possamos melhorar o tempo de atendimento, mas ainda vivenciamos a superlotação e é importante que a população saiba que permanecemos atuando em um cenário que não é o ideal, com condições desafiadoras de atendimento e buscando ao máximo prestar uma assistência aos pacientes com segurança e qualidade com os recursos e a estrutura disponíveis", finalizou.
Alta de 233% na demanda de cirurgias nos hospitais sobrecarrega SUS-BH
A média de internações ortopédicas de urgência diárias intermediadas pela Prefeitura de Belo Horizonte deveria ser de 30. No entanto, nos primeiros 20 dias de janeiro, esse número chegou a 100 — 233% maior do que a previsão da PBH. O aumento repentino, segundo informou o subsecretário de Atenção à Saúde, André Menezes, refere-se a maioria de vítimas sobreviventes de acidentes de trânsito, principalmente homens e motociclistas, que precisam de cirurgias. O excesso de demanda tem obrigado o hospital Risoleta Tolentino Neves, em Venda Nova, a operar além do limite. De forma emergencial, a unidade interrompeu o atendimento a novos pacientes, mesmo sendo porta-aberta 24 horas.
A sobrecarga de atendimentos cirúrgicos de urgência em Belo Horizonte — motivo que levou à suspensão de procedimentos eletivos por duas semanas na capital — não era esperada pela secretaria municipal de saúde. "De certa forma, surpreende. Normalmente, no mês de janeiro não registra uma ampliação significativa na demanda, exceto em anos de alta nas infecções, como a dengue. Desta vez, no entanto, observamos que o que mais cresce são os casos ortopédicos de acidentes de trânsito, envolvendo motocicletas, veículos e atropelamentos. É um perfil de feridos que não pode esperar pelas cirurgias”, afirmou André Menezes.
A notificação do Risoleta Neves, que solicitou apoio operacional à rede SUS-BH, foi, por exemplo, um dos sinais de precaução da pasta. “Acende um alerta, pois há muitos casos para a oferta assistencial disponível. Estamos com a oferta de leitos basicamente regular, mas chamou atenção o aumento da demanda por ortopedia só nos primeiros 20 dias do ano. Acionamos o Plano de Contingência, um procedimento padrão nesses casos, e nosso papel como referência em saúde”, explicou Menezes. Segundo ele, no último ano, a prefeitura de Belo Horizonte acionou o plano pelo menos outras três vezes. O Plano de Contingência consiste em suspender a realização de cirurgias eletivas.