Foi condenado a ficar internado por três anos, na tarde desta quarta-feira (29 de janeiro), o homem de 25 anos que confessou ter matado e esquartejado um homem em situação de rua em 2023, no bairro Santo Antônio, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Durante o julgamento, ele admitiu o crime e disse que levava pessoas que vivem na rua para seu apartamento para fazer "sessões de desabafo".
Segundo o Fórum Lafayette, a juíza Myrna Fabiana Monteiro Souto aplicou a "medida de segurança na modalidade de internação", pelo prazo mínimo de 3 anos. Na decisão, a magistrada determinou ainda que a internação deverá continuar “enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação da periculosidade”.
Tanto a defesa quanto a promotoria concordaram que o réu cometeu homicídio qualificado, porém, também entenderam que se tratava de uma pessoa semi-imputável, o que significa que, na hora, ele entendia apenas parcialmente a ilegalidade do ato. Com isso, os jurados reconheceram por maioria dos votos que ele cometeu o crime, mas que a pena deveria ser diminuída.
Suspeito na morte da mãe, jovem matava coelhos para "aliviar"
Diante da decisão do conselho de sentença, a juíza concluiu pela aplicação de uma pena de 8 anos e 8 meses de prisão. "Ao sentenciar, a juíza ainda considerou que o acusado demonstrou frieza no interrogatório em plenário, além de relatar que comprava coelhos no mercado e os matava para sentir mais aliviado e calmo. Citou ainda o fato de o acusado ter cumprido medida sócio educativa quando adolescente por ter matado a própria mãe", disse o Fórum.
Durante a internação, o réu disse que se sentia melhor, por ser bem tratado, respeitado e ouvido, além de admitir que o tratamento o deixava tranquilo e era eficaz. Já no presídio, onde se encontra há 2 anos, o jovem diz que não existe tratamento e que se sente desamparado.
Com isso, a juíza Myrna Fabiana Monteiro Souto aplicou a medida de segurança na modalidade de internação, negando o direito dele recorrer em liberdade.
Confissão
O assassinato ocorreu no dia 1º de fevereiro de 2023, no apartamento do jovem. Durante o julgamento, ele disse que só responderia às perguntas da defesa, mas, depois, passou a responder às questões levantadas pela juíza. Ele contou que seu pai o espancava e fazia terror psicológico. O homem relatou também que sofreu abusos sexuais dos 6 aos 13 anos de idade, cometidos pelo pai e também pela mãe.
O réu contou que tinha o hábito de “levar moradores de rua para seu apartamento para conversar e desabafar como se fossem sessões de terapia”. Os encontros, segundo ele, não tinham conotação sexual. No dia do crime, ele levou uma outra pessoa em situação de rua, conversou, desabafou, e esse homem foi embora. Como ainda não se sentia bem, o réu saiu novamente e encontrou a vítima. Esse morador de rua aceitou conversar com o morador no apartamento em troca de dinheiro e de um pendrive com algumas músicas.
Durante o bate-papo, a vítima admitiu que já havia matado uma pessoa, cometido diversos roubos e furtos e estuprou uma mulher. Tudo isso, teria deixado o réu apreensivo e ele passou a ser sarcástico com as histórias da vítima.
Eles discutiram e se agrediram. O réu conseguiu pegar a faca e esfaquear o homem. Mesmo após as diversas facadas, o homem em situação de rua não morreu e eles ainda brigaram novamente. Só após dar um último golpe no coração da vítima, o réu percebeu que o rapaz parou de respirar e de se mover. Depois disso, o homem procurou atendimento médico, voltou para casa e pensou o que faria com o corpo que “já estava frio”.
O réu ainda contou que lembrou de uma serra que tinha em casa, mas esperou o dia seguinte para que o barulho da serra se “confundisse com os ruídos de obras na região”. Ele, então, começou a esquartejar a vítima e dispensar as partes do corpo.