Passa de cem o número de funcionários do Hospital Júlia Kubitschek, na região do Barreiro, em Belo Horizonte, que foram afastados após apresentarem sintomas de intoxicação alimentar. Na tarde desta quinta-feira (9/10), profissionais realizaram um ato em frente à unidade para denunciar a situação e cobrar a apuração das causas.

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A técnica de enfermagem Liza Alves, de 43 anos, contou que os primeiros sintomas surgiram logo após o almoço de quarta-feira (8/10).

“Tive náusea, e isso se prolongou durante a manhã desta quinta-feira. Fui para a urgência, mas fiquei mais de uma hora e meia sem atendimento. Muitos servidores estão voltando para os setores por causa da demora. Dentro do hospital, a gente não está tendo respaldo para ser atendido”, relatou.

A servidora relata que o cardápio servido no dia em que começou a apresentar os sintomas foi: bife à rolê, purê, arroz, feijão, cenoura e tomate. Nesta quinta-feira, o refeitório da unidade de saúde esteve vazio, já que a maioria das pessoas optou por comer fora do hospital, temendo os sintomas. "Preferi gastar do que arriscar", disse uma outra funcionária.

Atendimento comprometido

O grande número de profissionais afastados tem comprometido o atendimento aos pacientes. “A sobrecarga está demais. A demanda aqui é alta, com quase 100% dos leitos ocupados. Os servidores estão sendo remanejados de setores para ajudar nos atendimentos”, contou, sob anonimato, uma funcionária da unidade.

Segundo a diretora do Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde/MG), Neuza Freitas, há profissionais em estado debilitado. “Uma médica pediatra que inicialmente participaria do ato não conseguiu descer porque sequer consegue ficar em pé. Ou seja, é menos uma profissional para atender os pacientes. A situação está muito complicada”, afirmou.

Inicialmente, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) havia confirmado 35 casos, mas atualizou o número para mais de 100. “Todos foram prontamente acolhidos e estão sendo acompanhados”, informou a fundação, ressaltando que “a situação está sendo monitorada de forma contínua pelas equipes técnicas da unidade”. 

A unidade de saúde tem aproximadamente 1,6 mil funcionários.