O estado de alerta em Minas Gerais devido ao aumento de casos de febre amarela neste início de ano provocou o governo do Estado a correr atrás do prejuízo causado pelo atraso vacinal contra a doença. A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) anunciou, nesta quarta-feira (12 de fevereiro), um investimento de R$ 210,7 milhões para ampliar as campanhas de imunização nas cidades. A verba será utilizada, por exemplo, para a realização de ações de vacinação fora dos postos de saúde, como em vacimóveis (centros de vacinação itinerantes) ou em escolas e creches, além da ampliação dos serviços dos postinhos. A estratégia é aumentar a proteção dos mineiros, especialmente antes do Carnaval, evento em que a grande circulação de pessoas, incluindo turistas, eleva o risco de infecções.

Em Minas Gerais, a cobertura vacinal contra febre amarela em crianças menores de 1 ano está em 87,68%, abaixo da meta de 95%. O Estado iniciou o ano com duas mortes pela doença, uma de um paciente em Extrema e outra de um primata em Toledo, ambas no Sul do Estado, região de atenção pela proximidade com São Paulo, que também vive alta de casos. O secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, afirmou que o investimento milionário vai motivar a realização de campanhas de vacinação mais amplas e eficazes nos municípios. 

“A maior ação que nós temos, além dos vacimóveis e das salas de vacinação, é a bonificação das cidades que conseguem atingir a meta vacinal. Este ano, estamos ambiciosos, e só receberão o benefício os municípios que atingirem 95% do público vacinado. Esse investimento acelera as ações de vacinação”, explica o secretário.

Segundo ele, serão divididos até R$ 150 milhões para as cidades que alcançarem a meta vacinal de 95%, seguindo regras de proporção de habitantes. Municípios com até 20 mil habitantes receberão R$20 mil; aqueles com população entre 20 mil e 80 mil habitantes terão repasses de R$1,50 per capita; e, para os municípios maiores, o valor será de R$2,00 por habitante.

Outro destaque do investimento será para ações de imunização fora dos postos, ou seja, aquelas que vão atrás do público-alvo. Mais de 200 vacimóveis já estão rodando pelo Estado, realizando campanhas em praças, rodoviárias e zonas rurais. O Estado incentiva, principalmente, a vacinação em escolas e creches. “É importante destacar essas ações. Não só porque é mais fácil acessar as crianças e jovens nas escolas, mas também porque precisamos formar pessoas conscientes de que a vacinação é a resposta para evitar doenças preveníveis”, reforça Baccheretti.

Risco da febre amarela é a letalidade alta 

O secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, alerta para a alta letalidade da febre amarela. Segundo ele, a doença mata de 30% a 40% dos infectados, com índices ainda maiores entre os não vacinados. “Temos uma arma de combate, a vacina, disponível nos postos de saúde, com estoques regulares. Precisamos evitar um surto de febre amarela. A maioria dos municípios deveria ter 100% do público-alvo vacinado. Incentivamos a busca ativa por aqueles que ainda não se vacinaram”, afirma.

Prevenção para o Carnaval 

A proximidade do Carnaval, período de grande circulação de pessoas em Minas Gerais, preocupa o Estado para o aumento das infecções, incluindo a febre amarela. A vacina contra a doença está sendo recomendada para todos que residem ou viajam por Minas Gerais até pelo menos dez dias antes do Carnaval para garantir a proteção adequada.

A vacina contra a febre amarela está disponível gratuitamente no SUS para pessoas de nove meses de idade até os 59 anos. Atualmente, o esquema vacinal indicado contra a doença é uma dose aos 9 meses de idade e uma dose de reforço aos 4 anos.

Para a pessoa que recebeu somente uma dose da vacina antes de completar 5 anos de idade, está indicada a dose de reforço, independentemente da idade atual. Já para os adultos que nunca se vacinaram ou não têm certeza da vacinação, aplica-se uma só dose. 

Distribuição dos recursos

Em 2025, serão liberados R$ 105,3 milhões, com uma primeira parcela de R$41,9 milhões. Os repasses vão do Fundo Estadual de Saúde para os Fundos Municipais. O financiamento, que segue até 2026, inclui repasses fixos e variáveis, condicionados ao cumprimento de metas de cobertura vacinal. O investimento é válido para todas as doenças imunopreveníveis pelo Programa Mineiro de Imunizações (PMI).