Belo Horizonte registrou, neste início de ano, 23 casos confirmados de coqueluche. O número é superior ao de 2024, quando, nesta mesma época, apenas um diagnóstico havia sido confirmado na capital mineira. A vacinação é a principal medida para combater a doença, que já foi um problema grave no Brasil na década de 1980. A proximidade do Carnaval e, consequentemente, a aglomeração de pessoas, incluindo turistas, é um dos fatores que deixam os órgãos de saúde em alerta para um possível aumento de casos.
O diretor de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica de Belo Horizonte, Paulo Côrrea, afirma que não se pode dizer que a capital mineira vive um surto da doença e explica a razão. "Desde meados do segundo semestre de 2024 temos o surgimento de casos. Para se ter ideia, no primeiro semestre praticamente não tivemos. Alguns fatores ajudam a entender os diagnósticos. Um deles é a cobertura vacinal, que vem tendo queda em diversas cidades e não apenas em BH", afirmou.
A cobertura vacinal atualmente está em 82,7% para menores de 1 ano de idade e 81,6% em crianças com 1 ano completo. O esquema vacinal é feito com três doses, aplicadas aos 2, 4 e 6 meses de vida, seguidas de reforços aos 15 meses e aos 4 anos de idade. A meta estabelecida é de 95%.
"A vacinação é extremamente importante para controlarmos a doença. Com o passar dos anos, até mesmo por não termos tido casos dela, as pessoas acharam que não havia necessidade de se imunizar. No entanto, o raciocínio tem que ser o contrário: quanto mais controlada a doença estiver, mais a vacinação deve ocorrer", esclarece o diretor de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica.
Seguindo a recomendação do Ministério da Saúde, a capital mineira ampliou, em caráter excepcional e temporário, a aplicação da vacina contra a coqueluche para grupos específicos. O imunizante está sendo ofertado também para profissionais da saúde que atuam em atendimentos de ginecologia, obstetrícia e pediatria, além de doulas e trabalhadores de berçários e creches com crianças de até 4 anos. Desde a ampliação, iniciada em junho, já foram aplicadas cerca de 19 mil doses. "O imunizante está disponível em todos os postos", esclarece Côrrea.
Aglomeração preocupa
A aglomeração de pessoas, como a que ocorre no Carnaval, por exemplo, é um fator que pode contribuir para o aumento de casos de coqueluche, pois, conforme afirma Côrrea, alguns dos diagnósticos ocorrem pelo contato de pessoas que viajam de um lugar para outro.
"Toda situação que há aglomeração de pessoas é motivo de preocupação. Por isso, a população deve adotar medidas de prevenção. Pessoas com sintomas respiratórios devem fazer exames para ter o diagnóstico clínico. Em caso de diagnóstico positivo, deve-se tratar e evitar contato com outras pessoas. É preciso usar máscara e ficar isolado para que não transmita a doença. São medidas simples, mas fundamentais", complementa.
Coqueluche
A coqueluche é uma infecção respiratória, transmissível e causada pela bactéria Bordetella pertussis. Sua principal característica são as crises de tosse seca, atingindo também traqueia e brônquios.
A transmissão da coqueluche ocorre, principalmente, pelo contato direto do doente com uma pessoa não vacinada por meio de gotículas eliminadas por tosse, espirro ou até mesmo ao falar. O tempo que os sintomas começam a aparecer desde o momento da infecção, é de, em média, cinco a 10 dias podendo variar de quatro a 21 dias e, raramente, até 42 dias.
O tratamento da coqueluche é feito basicamente com antibióticos, que devem ser prescritos por um médico especialista, conforme cada caso. É importante procurar uma unidade de saúde para receber o diagnóstico e tratamento adequados, assim que surgirem os primeiros sinais e sintomas. As crianças, quando diagnosticadas com coqueluche, frequentemente ficam internadas, tendo em vista que os sintomas nelas são mais severos e podem provocar a morte.
Veja os sintomas:
- Crises de tosse e guincho inspiratório
- Mal-estar geral
- Corrimento nasal (coriza)
- Tosse seca
- Febre baixa
- Tosse passa de leve e seca para severa e descontrolada
- Tosse pode ser tão intensa que pode comprometer a respiração
- Crise de tosse pode provocar vômito ou cansaço extremo
Geralmente, os sinais e sintomas da coqueluche duram entre seis a 10 semanas, podendo durar mais tempo, conforme o quadro clínico e a situação de cada caso.