Amigos e familiares do empresário Frederico Souto de Azevedo, de 27 anos, realizaram um novo protesto na noite desta terça-feira (25) no bairro Águas Claras, na região do Barreiro, em Belo Horizonte. Ele foi morto a tiros pela Polícia Militar (PM) durante uma abordagem na noite anterior. Os manifestantes contestam a ação da polícia, que alega ter atirado após ele tentar fugir e sacar uma arma. O caso é investigado pela corregedoria da corporação.  

O grupo saiu de Águas Claras e seguiu até o Vale do Jatobá, também no Barreiro. Vestidos de branco, os manifestantes carregavam cartazes e entoavam gritos por justiça. A PM acompanhou o ato, que foi pacífico e passou por estabelecimentos de Frederico, dono de duas distribuidoras de bebidas e duas lanchonetes.

Este foi o segundo protesto do dia. Pela manhã, uma manifestação teve confronto com a PM, que usou balas de borracha para dispersar a multidão. Frederico, conhecido como Fred, não tinha passagens pela polícia.

A morte

Segundo o boletim de ocorrência, registrado pela PM, equipes do Gepar e do Tático Móvel foram até a travessa Dilson de Jesus após uma denúncia anônima sobre um suspeito armado circulando na área.

No local, os policiais encontraram um homem vestido de preto e armado, que fugiu da abordagem. Durante a busca pelo suspeito, os agentes abordaram Frederico, que usava uma blusa azul e havia saído do condomínio.

De acordo com a PM, Frederico resistiu à abordagem, tentou correr e teria sacado uma arma, momento em que foi baleado no pescoço. Ele chegou a ser levado para a UPA, mas não resistiu. Familiares e amigos contestam a versão da polícia e afirmam que ele não estava armado.

Vídeo mostra abordagem

O TEMPO teve acesso a um vídeo do momento da abordagem, mas não o publicará devido ao conteúdo forte. As imagens mostram Frederico sendo revistado por um policial enquanto vizinhos filmam a cena.

Em seguida, a câmera registra uma discussão entre um policial e uma mulher, que seria a mãe do empresário. Nesse momento, Frederico se solta dos agentes e corre, apesar dos pedidos de amigos para que não fizesse isso.

Segundos depois, ouvem-se disparos, seguidos de gritos de desespero de familiares e amigos ao perceberem que ele havia sido atingido.

Posição da PM

A Polícia Militar informou que a corregedoria da corporação acompanha o caso. Segundo a instituição, os militares foram acionados para averiguar uma denúncia de tráfico de drogas quando suspeitos fugiram. A PM afirma que Frederico tentou escapar da abordagem e sacou uma arma, o que levou os agentes a reagirem com tiros. Veja a nota completa:

A Polícia Militar de Minas Gerais, por intermédio do 41º Batalhão, informa que, em relação ao episódio ocorrido na região do bairro Águas Claras, recebeu acionamento via 190, relatando a prática de tráfico de drogas no local, além da presença de um indivíduo armado.

Os indivíduos em suspeição, ao serem identificados pelos policiais, evadiram para o interior do aglomerado, o qual possui histórico de ser palco de vários crimes como homicídios, tráfico de drogas e porte ilegal de armas de fogo.

No momento em que um indivíduo suspeito envolvido foi alcançado, populares se aglomeraram no perímetro mediato da abordagem, no intuito de arrebatá-lo e impedir o trabalho policial, razão pela qual os militares utilizaram equipamentos de menor potencial ofensivo para dispersar os populares e evitar maiores riscos à integridade física de todos os presentes.

Contudo, durante a dispersão dos populares, o indivíduo abordado aproveitou-se da situação e empreendeu fuga, sendo perseguido pelos militares, momento em que aquele agiu, sacando de uma arma de fogo. Para repelir a injusta e iminente agressão, os militares reagiram utilizando-se de força letal, atingindo-o. Imediatamente o indivíduo foi socorrido e encaminhado para o hospital.