O caminhoneiro envolvido em um acidente na BR-116, que resultou na morte de 39 pessoas em dezembro do ano passado, em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, foi indiciado pela Polícia Civil de Minas Gerais. O proprietário da empresa também responderá por crimes, conforme informou o delegado Amaury Albuquerque, responsável pela investigação. No momento do acidente, o caminhão estava a quase 100 km/h.  

"O inquérito reuniu provas técnicas e testemunhais, além de diversos elementos que permitiram esclarecer todo o ocorrido e responsabilizar o motorista e o dono da empresa de transporte das pedras de quartzito. Vários fatores contribuíram para o trágico acidente: o sobrepeso extremo da carga, que estava 77% acima do permitido, o comportamento do motorista, que não respeitava o período de descanso e trafegava em alta velocidade. No momento do acidente, o semirreboque estava a 97 km/h", detalhou o delegado.  

Um estudo realizado pela Polícia Civil indicou que qualquer veículo que estivesse acima de 62 km/h e transportando uma carga semelhante à do caminhão iria tombar, visto que o peso total era de 103 toneladas. "Infelizmente, o tombamento ocorreu justamente no momento em que passava um ônibus com 45 pessoas, das quais 39 não sobreviveram e morreram carbonizadas."  

O motorista e o proprietário da empresa foram indiciados por homicídio e lesão corporal, tanto grave quanto leve. O condutor do veículo também responderá por dois crimes de trânsito, pois fugiu do local do acidente e não prestou socorro às vítimas. Já o empresário foi indiciado ainda por falsidade ideológica. "Isso ocorreu porque ele era o responsável pelo preenchimento de informações falsas em notas fiscais. Ele inseriu uma pesagem falsa das pedras e também do veículo para se furtar da fiscalização, caso ela ocorresse", explicou o delegado.  

O inquérito da Polícia Civil foi concluído nesta terça-feira (25 de fevereiro) e enviado ao Ministério Público de Minas Gerais. O motorista segue preso no Espírito Santo. Questionado sobre a possibilidade de o empresário também ser detido, o delegado ressaltou que caberá ao MPMG fazer o pedido, caso considere necessário.

O que diz a defesa 

A defesa de Arilton segue firme e insiste que seu cliente é inocente, e lamenta profundamente o equívoco da Polícia Civil de MG, que o indiciamento foi pautado em uma visão míope, divorciada da verdade, deixando de considerar provas objetivas e irrefutáveis, tais como que o motorista estava plenamente apto a dirigir, não estava em alta velocidade, tomou todas cautelas para evitar a colisão, testemunhas oculares que narraram que ouviram o pneu do ônibus estourando e invadindo a pista contrária, e seu exame toxicológico que deu resultado negativo para todos tipos de drogas. A defesa segue trabalhando na busca da verdade, e Deixamos claro que confiamos plenamente na justiça do Estado de Minas Gerais. 

A nota foi assinada por Raony Scheffer e Fabiano Lopes.