A obesidade é uma condição que pode ser revertida. A tarefa não é fácil. Mas Gabrielle Scholz, de 45 anos, é prova viva e feliz de que é possível vencer essa luta. Moradora do bairro Coração Eucarístico, na região Noroeste de Belo Horizonte, a servidora pública de 1,70 m de altura, chegou a pesar 118 kg em 2023, após morar um ano na Inglaterra, para onde foi com o objetivo de estudar.
“Minha alimentação era péssima, não praticava atividade física. Engordei demais. Quando retornei, comecei a apresentar alguns problemas de saúde, como glicose alterada, colesterol alterado e acúmulo de gordura no fígado”, lembra.
Gabrielle conta que foram muitas as tentativas para emagrecer, desde vários tipos de dietas até o uso de remédios, que tiveram pouco resultado. A solução foi uma medida mais radical, após acompanhamento médico. “Sofria muito com a compulsão alimentar. Foi então que surgiu a possibilidade de colocar o balão gástrico no meu estômago. Desde então, faço acompanhamento com gastroendoscopista e nutricionista e passei a fazer atividade física. Minha vida mudou completamente”, afirma.
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Coordenador de cirurgia da Rede Mater Dei da região metropolitana de BH, Marcus Martins explica que procedimentos como balão gástrico – feito por Gabrielle – e cirurgia bariátrica, que são mais invasivos, são efetivos, mas que a opção por eles só deve acontecer após outras tentativas de perder peso, como dietas e prática de atividades físicas.
“O paciente tentou o tratamento clínico, melhorou um pouco, mas voltou a engordar, é indicado, para evitar problemas futuros. Há um protocolo muito claro e estabelecido, que é preciso passar por uma equipe multidisciplinar. A avaliação de todo um grupo de médicos é extremamente importante para definir se é necessário ou não fazer algum tipo de cirurgia”, afirma. Ainda assim, o paciente passa a ter uma nova rotina, com alimentação mais equilibrada e, quando possível, atividade física.
O procedimento de Gabrielle foi realizado em setembro de 2023. De lá para cá, foram 38 kg perdidos. Faltam 8 kg para ela chegar ao peso ideal. Uma mudança que trouxe inúmeros benefícios. “Me sinto extremamente feliz, minha autoestima mudou. Fiz as pazes com o espelho, comigo mesma também. Eu sinto muito orgulho de mim, por estar trilhando esse caminho. É algo bem difícil, uma luta diária. Eu amo Carnaval e comecei a tocar bateria em blocos. Em 2023 eu só consegui participar de três, porque não tinha resistência, mas neste ano eu fui em 11”, comemora.
A superação fez com que Gabrielle decidisse compartilhar nas redes sociais a rotina e também as mudanças de vida após a cirurgia. “Várias pessoas já me procuraram, porque a partir das minhas postagens resolveram mudar em relação ao emagrecimento. Fico muito feliz em servir de inspiração”, conclui.
Cirurgia bariátrica é alternativa, mas apenas em casos específicos
Outra alternativa de tratamento para pessoas obesas é a cirurgia bariátrica. Mas o procedimento só deve ser realizado em último caso, como explica Marcus Martins, coordenador de cirurgia da Rede Mater Dei da região metropolitana de BH: “Existem vários critérios, mas o principal é se a obesidade está trazendo pioras de saúde, associada a hipertensão, diabetes”.
Esse foi o caso de Raianny Silva, de 30 anos, moradora de Contagem, na Grande BH. Ela foi diagnosticada com obesidade grau 3. Além dos hábitos alimentares ruins e do sedentarismo, a jovem tinha hipotireoidismo, diabetes, gordura no fígado, colesterol alto e apneia do sono. Depois de tentar diversos tratamentos, a cirurgia se tornou opção.
“Minha saúde estava completamente comprometida. O medo sempre existiu, mas meu maior medo era não estar viva para criar minha filha, que tem 6 anos. Fiz a cirurgia há oito meses, e minha vida mudou 100%. Hoje estou com 58 kg, tenho mais disposição, minha saúde melhorou e, acima de tudo, sou uma pessoa muito mais feliz”, celebra.
Segurança
Diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Rodrigo Lamounier explica que a evolução da medicina fez com que os métodos de tratamento contra a obesidade se tornassem mais seguros. “Antigamente, todo medicamento poderia intercorrer em problemas de saúde, como dependência e taquicardia. Hoje, não, e, além de tratar a obesidade, também ajuda em possíveis complicações, como diminuição da gordura hepática e diminuição de risco de progressão da doença renal”.