O sargento da Polícia Militar acusado de matar Marcos Vinicius Vieira Couto, de 29 anos, durante uma abordagem policial na Vila Barraginha, em Contagem, foi condenado a seis anos e três meses de prisão no regime semiaberto. A informação foi confirmada à reportagem de O TEMPO pela irmã da vítima, Daniele Aparecida. O julgamento, que foi realizado pelo Tribunal do Júri de Contagem, começou às 9h desta quinta-feira (3 de abril) e terminou somente no fim da noite.

Para Daniela, o sentimento de injustiça ainda permanece mesmo com a definição da sentença. "Pra mim foi pouco. A pena deveria ser maior. Isso não vai trazer meu irmão de volta”, declarou a irmã de Marcos.

Relembre o caso

O caso aconteceu em 16 de julho de 2022 e foi filmado por populares. De acordo com a denúncia do Ministério Público, o militar efetuou três disparos de arma de fogo contra a vítima causando lesões corporais que culminaram na morte do rapaz. 

O autor confessou ser o autor dos disparos e que realizou os tiros “em um momento de tensão e diante da conduta do abordado”. Ele alegou legítima defesa, tese que também foi rejeitada pela Justiça neste primeiro momento, já que caberia ao júri decidir sobre esta questão.

À época, imagens mostraram que a polícia levou o homem para a parte de trás de uma Kombi e, logo depois, ouve-se os disparos. A perícia, que analisou as imagens, relatou que os vídeos mostraram que o homem foi puxado pelo policial militar resistindo à abordagem policial.

“Porém, em nenhum momento, as imagens mostraram o referido homem tentando tomar a arma do policial. Esclarece também que tanto a ação do policial militar como a reação do homem, no momento em que ambos estavam atrás da Kombi branca (em relação ao dispositivo de captura), não foram registradas ou foram registradas parcialmente pelo referido dispositivo de captura devido à presença de um obstáculo físico”, diz o laudo.

Prima de vítima diz que policial estava com 'raiva' no momento da abordagem

A manhã foi marcada pelo depoimento de três testemunhas. Entre elas, uma prima de Marcos, que presenciou o fato. No depoimento, ela afirmou que o sargento teria chegado ao local demonstrando raiva e alegou que militar teria tentado levar a vítima para um beco, mas foi impedido por populares.

"Ele já chegou com muita raiva, acelerando a viatura, descendo já armado. Mandados ele (vítima) colocar a mão na cabeça, ele fez e mostrou que não estava armado. O sargento pegou ele por trás e tentou levar ele para o beco, quando meu primo firmou o corpo e gritou 'não deixa ele me levar para o beco'. Foi quando a população cercou o beco e não deixou. Tentei chegar, mas não consegui. Ele seguiu caminhando com o meu primo para trás do caminhão e houve os disparos", contou.