O tenente-coronel da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), Jean Amaral, gerou polêmica com declarações sobre a Guarda Civil e a atuação de mulheres na corporação na última quinta-feira (3 de abril), em Divinópolis, na região Centro-Oeste de Minas Gerais. Durante audiência pública na Câmara Municipal, que discutia a criação da Guarda Civil na cidade, ele sugeriu que algumas mulheres poderiam atuar “entregando flores”. Além disso, em determinado momento, usou o termo “guardinha” para classificar quem trabalha na corporação. As falas foram repudiadas pela Federação Nacional de Sindicatos de Guardas Municipais (Fenaguardas) e gerou comentários nas redes sociais, que destacaram que Amaral tentou deslegitimar a presença das mulheres nas forças de segurança.
No momento em que discutia o concurso público para inserção na corporação, o tenente-coronel da PMMG lembrou que, atualmente, o processo se dá pela livre concorrência, sendo que homens e mulheres podem se inscrever. Ele, então, chamou a atenção para o fato de que as mulheres poderiam ocupar todas as vagas disponíveis, e que o resultado poderia ser diferente do que se imaginava.
“Se abrir concurso para 50 vagas, pode ser que passem 50 meninas. Pensar em sair com a guarda para prender bandido lá no alto do morro, pode ser que a sua ideia vá por terra. Pode ser que a sua guarda seja uma guarda que vai entregar flores aqui na praça, que dê informação de horas”, disse ele.
A declaração tem sido alvo de críticas nas redes sociais. Os comentários destacam que o tenente-coronel lançou dúvidas sobre a capacidade das mulheres atuarem nas forças de segurança. Além disso, o uso do termo “guardinhas” para se referir aos profissionais das Guardas Municipais foi considerado pejorativo e ofensivo.
Em entrevista ao O TEMPO, o diretor de comunicação organizacional da Polícia Militar, coronel Flavio Santiago, afirmou que a fala do tenente-coronel Jean Amaral é uma opinião pessoal e não representa o posicionamento institucional. Ele lembrou, inclusive, que o concurso para a PMMG é, atualmente, em igualdade de condições para homens e mulheres.
“Temos várias tenentes-coronéis e majores comandando unidades importantes da Polícia Militar. Além disso, a porta-voz da Polícia Militar, que fala pela instituição, é a major Layla Brunella. A representatividade da mulher é muito importante, e elas ocupam cargos de responsabilidade e de comando”, destacou, enfatizando o respeito pela presença feminina na corporação.
Conforme o coronel Flavio Santiago, todas as declarações do tenente-coronel Jean Amaral têm a ver com opinião pessoal e não representam o posicionamento da instituição. “Temos um ótimo relacionamento e parceria com a Guarda Municipal, com projetos e operações em conjunto. Nada vai modificar essa deferência”, conclui.
Leia nota de repúdio da Fenaguardas na íntegra
A FENAGUARDAS manifesta total repúdio às declarações do tenente-coronel da Polícia Militar de Minas Gerais, Jean Michel Costa do Amaral, proferidas durante audiência pública na Câmara Municipal de Teófilo Otoni, que discutia a criação da Guarda Civil Municipal na cidade.
Ao afirmar que, na realização do concurso para a futura Guarda Municipal de Teófilo Otoni, “podem passar 50 meninas” e que “pode ser que sua Guarda seja para entregar flores”, o oficial expressa um posicionamento preconceituoso e desrespeitoso com todas as mulheres policiais, desconsiderando a competência, preparo e dedicação que atuam na segurança pública em todas as suas esferas. A presença feminina nas corporações é crescente e absolutamente fundamental, contribuindo com sensibilidade, técnica, firmeza e responsabilidade nas ações de policiamento, mediação de conflitos e proximidade com a população.
Além disso, o uso do termo "guardinha" para se referir aos profissionais das GMs é pejorativo e ofensivo, sendo repudiado por toda a categoria. Não se pode aceitar que um representante do Estado se refira desta forma a outro profissional da segurança pública. A FENAGUARDAS combate essa prática, independentemente de quem a realize.
Por outro lado, recebemos com entusiasmo a notícia da criação da Guarda Civil Municipal de Teófilo Otoni. Este é um passo importante que representa o fortalecimento da segurança urbana e a evolução das GMs, que a cada dia conquistam a confiança da população com profissionalismo e resultados positivos. A superação do antigo entendimento de que as Guardas servem apenas à proteção do patrimônio público é uma realidade, sendo hoje reconhecidas por seu papel essencial no policiamento comunitário, modelo este que se torna referência nacional.
Importante ressaltar que, em nenhum momento, as Guardas Municipais têm a intenção de substituir o importante papel desempenhado pelas Polícias Militares. Pelo contrário: “defendemos a atuação conjunta, respeitosa e integrada de todas as forças de segurança, visando sempre o bem-estar da população”.
A FENAGUARDAS continuará vigilante e atuante na defesa da valorização e respeito às Guardas Municipais, bem como na luta por igualdade de gênero e pela dignidade de todas e todos que dedicam suas vidas à proteção da sociedade.
Federação Nacional de Sindicatos de Guardas Municipais – FENAGUARDAS.