Há meia década, o aposentado Heleno Freitas, de 75 anos, precisou mudar o rumo da própria vida. Ele sofreu uma Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), enfermidade geralmente causada por tabagismo. Heleno fumou por 53 anos e parou em 2020. “O médico me disse: ou para de fumar, ou morre. Além de ter parado com o fumo, considero que tomar vacinas é outra forma de cuidar de mim. Em casa, minha esposa, de 72 anos, meu filho, de 43 anos, e eu tomamos sempre”, lembra o idoso.
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O tratamento para a DPOC, enfermidade que não tem cura, inclui algumas práticas que o idoso precisou adotar em seu dia a dia, como a fisioterapia respiratória e os exercícios físicos, e outras das quais ele já era adepto, como a vacinação regular.
“A imunização anual é a medida mais eficaz, especialmente para grupos de risco”, reforça Maria Rita Rassi, professora da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (Faseh) e mestre em saúde pública.
Uma das recomendações para viver com mais saúde, conforme defendem pesquisadores, é justamente essa vacinação frequente – anual, no caso da gripe, já que as mutações que ocorrem com o vírus da influenza demandam atualizações na vacina.
A imunização, segundo o Ministério da Saúde, evita casos graves, complicações e mortes causadas pelos três subtipos do vírus da gripe que mais circularam no último ano no hemisfério sul do planeta.
“Essa vacina contra a gripe está disponível há mais de 30 anos, e o que temos observado é que é eficaz contra as formas graves (da doença), prevenindo as internações e suas complicações.
Fazemos um apelo para que a população mais vulnerabilizada vá a uma unidade de saúde e tome a vacina”, alerta o infectologista Unaí Tupinambás, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A imunização é especialmente importante para aqueles em extremos de idade, como explica Hoberdan Oliveira Pereira, gerente de Vigilância Epidemiológica da Prefeitura de BH.
“Tanto os mais idosos como os muito jovens são pacientes mais suscetíveis aos vírus respiratórios. Se eles não se vacinarem, (a doença) pode evoluir para óbito, sim. Então, é importante lembrar que a gripe é uma doença prevenível por vacinas há muitos anos. Realmente, é a melhor medida de proteção, juntamente com as questões de higiene”, explica.
Para barrar a transmissão. Indivíduos que apresentarem sintomas de gripe devem usar máscara para evitar transmitir a doença. Em casos mais graves, a recomendação do Ministério da Saúde é que as pessoas fiquem em casa.
Quadro viral não pode ser subestimado
Quadros virais não são necessariamente simples ou inofensivos, já que podem evoluir para complicações e levar ao óbito. O alerta é de Tarciane Aline Prata, pneumologista do Hospital Felício Rocho.
“Há uma sinergia. As infecções virais, como uma gripe, favorecem as infecções bacterianas. Nossas células ficam mais indefesas (diante de uma infecção viral). Por isso, muitas vezes aquele paciente que teve um quadro viral pode ter uma sinusite, otite (infecção do ouvido) e, a mais temida, a pneumonia bacteriana”, declara. Por isso é necessário reforçar a vacinação, sobretudo entre crianças e idosos, de acordo com a especialista.
A pneumologista lembra que, além de manter a imunização em dia, devem ser mantidos hábitos defendidos durante a pandemia. “A prevenção com máscara, a lavagem de mãos com frequência e a proteção da boca ao espirrar e tossir são hábitos que a gente aprendeu com a Covid e que devem continuar para não transmitirmos doenças. E, principalmente, para prevenirmos, justo neste período de outono e inverno, em que os vírus circulam mais”, explica.
Ar-condicionado
Tarciane Prata lembra que também é preciso cuidar do ar-condicionado e manter os ambientes ventilados.
“O ar-condicionado prejudica a prevenção, pois acumula bactérias e retira umidade do ar. Por isso, o uso desse equipamento deve ser sempre supervisionado. O filtro precisa ser trocado a cada seis meses”, detalha a especialista.