Quatro gerentes e dois ex-gerentes de bancos da Grande BH são suspeitos de integrarem uma quadrilha que utilizava dados de pessoas físicas para abrirem contas e efetuarem empréstimos de forma ilegal. O método de atuação do grupo, que desviou R$ 20 milhões de quatro agências bancárias e causou prejuízos para 20 vítimas, foi detalhado pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) em entrevista coletiva nesta quinta-feira (22 de maio). Ao todo, 15 membros do grupo já foram presos e três integrantes ainda não foram encontrados pelas autoridades, sendo foragidos da Justiça.
De acordo com o delegado Rafael Gomes, responsável pelas investigações do caso, os gerentes das agências bancárias levantavam CPFs e CNPJs de vítimas — sempre optando por aqueles de melhor reputação nos órgãos de proteção de crédito — para realizar a abertura de contas e solicitação de empréstimos de alto valor. Quem recebia os dados era o líder do grupo, que sempre estava em contato com os seis gerentes.
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"Ao realizar o levantamento dos dados, os gerentes passavam as informações para o organizador da quadrilha, que providenciava um documento falso com os falsificadores do grupo. Dessa forma, eles inseriam os dados da vítima que tinha um bom score (reputação) financeiro e acrescentavam a foto e a assinatura de um estelionatário — que inclusive recebia uma quantia adquirida pelo golpe. Com o documento falsificado, o coordenador enviava o documento para o gerente bancário, que abria a conta em nome da vítima e efetuava os empréstimos", detalhou.
O delegado apontou que as apurações se iniciaram em setembro de 2024, quando uma vítima de São Sebastião do Paraíso, no Sul de Minas, teve seu nome negativado nos órgãos de proteção de crédito por um empréstimo de R$ 100 mil. Ela não havia feito empréstimo havia uma pessoa se passando por ela. Após a denúncia, a PCMG apurou que participantes da organização residiam em cidades da Grande BH. O líder da quadrilha, que era quem se passava por esta primeira vítima, foi preso na capital mineira em outubro do ano passado.
Conforme a PCMG, entre os 15 detidos estão: quatro gerentes e dois ex-gerentes bancários, o coordenador da organização, estelionatários que forneciam fotos e assinaturas para a produção de documentos falsos e os falsificadores de documentos. Os mandados foram cumpridos em Belo Horizonte, Betim, Ribeirão das Neves, Sabará, Montes Claros, no Norte de Minas, e São Sebastião do Paraíso, no Sul do Estado.
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Três deles confessaram os crimes em depoimento à Polícia Civil, sendo que um suspeito afirmou que foi mandado embora por justa causa do banco e que recebia 10% de cada empréstimo fraudulento que ele fazia para o grupo. "Até o momento, contabilizamos 20 vítimas dos golpes em toda Minas Gerais e 97 contas bancárias foram bloqueadas pela Justiça. Esses crimes não só prejudicaram as pessoas cujos dados foram utilizados, mas vitimaram também a instituição bancária que ficou com o prejuízo do empréstimo realizado e outras transações fraudulentas que foram realizadas naquela conta", ressaltou o delegado.
Criminoso usou nome de vítima para abrir casa de prostituição
O delegado ainda mencionou uma situação inusitada envolvendo o líder da quadrilha, que se passava por uma vítima de São Sebastião do Paraíso, no Sul de Minas. O suspeito usou o nome da vítima e o dinheiro do banco para abrir uma casa de prostituição. A vítima, então, foi processada na Justiça do Trabalho e, no dia da audiência, compareceram tanto a vítima quanto o suposto estelionatário. "Ele se apresentou audaciosamente perante a autoridade judiciária como sendo a mesma pessoa", indicou o delegado.