A Corregedoria da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) investiga se cinco militares da ativa presos em flagrante na manhã desta quinta-feira (10), durante operação para cumprir mandados de busca e apreensão, fariam parte de um grupo criminoso. Todos os detidos trabalham no mesmo batalhão e estão sendo investigados por associação criminosa e corrupção passiva, pelos crimes de posse ilegal de arma e munições e tráfico de drogas. Em menos de dez dias, oito PMs foram detidos em duas ações diferentes da Corregedoria.
Durante a operação desta quinta-feira foram apreendidos com os suspeitos três armas de fogo, sendo uma espingarda e dois revólveres de calibres .32 e .38, além de 126 munições ilegais, tanto de uso restrito, como permitido, 106 porções de maconha, 101 pinos de cocaína, 79 pedras de crack, duas balanças eletrônicas, notebooks, pendrives e celulares.
Três suspeitos foram presos em Betim, um em Contagem, cidades da região metropolitana, e outro em Belo Horizonte. Eles são dois sargentos, dois cabos e um soldado. Fontes policiais informaram à reportagem que os cinco seriam lotados no 66º Batalhão da PM, também em Betim, porém, o capitão Rafael Veríssimo, porta-voz da corporação não confirmou a informação, alegando que a investigação corre em segredo de justiça.
“Eles trabalham na mesma unidade, mas não há, ainda, comprovação de que eles cometessem os crimes juntos. Um dos crimes investigados é associação criminosa, mas a investigação, se atuavam juntos ou não, ainda está sendo realizada. O caso desta quinta-feira não tem relação com o da semana passada, são situações distintas”, afirmou o capitão Veríssimo. O porta-voz da PM não esclareceu como seria ação dos investigados.
As prisões dos cinco policiais militares nesta quinta-feira foram frutos de um trabalho de investigação que já dura meses, informou o capitão Rafael Veríssimo. Ele ainda explicou que no ano passado, a Polícia Militar criou um núcleo de investigação criminal, uma célula específica da Corregedoria, onde há uma equipe pronta para o enfrentamento da criminalidade, apuração e fiscalização de desvios de condutas internos na instituição.
"Estamos desenvolvendo diversas investigações e operações, de modo que tenhamos total lisura institucional. Essas prisões reafirmam, com a nossa sociedade mineira, o compromisso de transparência, de enfrentar criminosos no ambiente externo e também, eventualmente ocorrendo, dentro da nossa corporação, responsabilizando policiais militares que não estão cumprindo com o código de ética, bem como toda legislação vigente", afirmou Veríssimo.
Outro caso
No dia 1º de julho, três militares foram presos em flagrante durante operação da Corregedoria da PMMG em Belo Horizonte e em Contagem, na região metropolitana da capital, e em Governador Valadares, na região do Rio Doce. Durante cumprimento de dez mandados de busca e apreensão, foram apreendidos cerca de R$ 40 mil, aproximadamente 290 munições, sete granadas, cinco armas de fogo e balanças de precisão.
Análise
Para Jorge Tassi, especialista em segurança pública, casos como o desta quinta-feira e o da semana passada não necessariamente indicam uma rede de corrupção dentro da Polícia Militar. "Existe uma Corregedoria séria, que faz um grande trabalho de investigação. Eles acompanham de perto o dia a dia do policial, todas as atitudes do profissional. Esse acompanhamento é muito de perto, então eles amarram todas as pontas muito bem para efetuar as prisões. É um grande mérito", avaliou.
O especialista comenta, no entanto, que esse envolvimento de policiais com diversos tipos de crime, como corrupção e associação ao tráfico, liga o alerta para situações delicadas dentro da corporação.
"O crime organizado é um problema muito grande na nossa sociedade. Os traficantes sabem como aliciar as pessoas, e claro, que os policiais estão nesse grupo. Eles sabem que os profissionais passam por dificuldade financeira, que muitas vezes estão com saúde mental afetada por diversos motivos. Então acho que é necessário ter um acompanhamento muito de perto em relação ao psicológico desses profissionais, além de uma remuneração maior, fazendo com que eles não sucumbam às tentações que o tráfico apresenta", concluiu.
A Polícia Militar foi procurada para falar sobre o aliciamento de policiais pelo crime organizado, mas não havia respondido até a publicação desta reportagem.