Álcool no organismo e politraumatismo na região cervical como causa da morte. Essas são as conclusões de laudos feitos no corpo de Yara Karolaine, assassinada aos 10 anos no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. A Polícia Civil divulgou a conclusão do inquérito nesta segunda-feira, que resultou no indiciamento do motorista da Prefeitura de Água Boa, um homem de 56 anos, que confessou o crime ao ser preso e disse que estava “tomado pelo capetão”.
O homem pode responder, criminalmente, por seis crimes. O primeiro: homicídio triplamente qualificado — por motivo fútil, meio que dificultou a defesa da vítima e por ela ser menor de 14 anos. Segundo: ocultação de cadáver. Terceiro: crimes contra a dignidade sexual. Quarto: fornecimento de bebida alcoólica à criança. Fecham a lista desvios relacionados ao trabalho: peculato e prejuízo aos cofres públicos.
O indiciamento foi encaminhado à Justiça, que definirá sobre a abertura do processo criminal. Além disso, a Polícia Civil solicitou a conversão da prisão do suspeito de temporária para preventiva. As autoridades, em outro inquérito, ainda vão apurar eventual omissão da mãe da vítima.
Desaparecimento e corpo localizado
O corpo de Yara foi localizado na zona rural de São Pedro do Suaçuí, no Vale do Rio Doce, em 8 de março, quatro dias após o desaparecimento ser comunicado pela família às autoridades. O cadáver estava perto da cachoeira Pele de Gato, localizada a cerca de 70 km da cidade de Água Boa, onde a menina morava.
O suspeito foi preso no dia seguinte ao crime. Ao confessar o crime, ele disse que capturou a menina em horário de serviço e que a convenceu oferecendo dinheiro e comida em troca de ato sexual. Após a negativa da vítima, ele a matou por asfixia.
Tomado pelo ‘capetão’
Durante depoimento à Polícia Civil, logo após ser preso, o suspeito de 56 anos alegou que teria sido tomado pelo “capetão” ao cometer o crime. O homem afirma que havia levado a menina até a casa dele para comerem uma pizza. “Estava passando pela rua e a encontrei. Combinei de pagar uma pizza, e ela entrou no carro”, disse. O veículo citado pelo suspeito é um Sandero que pertence à Prefeitura de Água Boa, local onde ele trabalha. O funcionário público destacou que “a menina não entrou forçada no veículo. Ela entrou normal”.
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O suspeito ressaltou que, quando chegou em casa com a menina, ainda não havia comprado a pizza, pois não sabia se ela iria aceitar o convite dele. “Ela entrou normal na minha casa e não teve relação sexual. Ia dar R$ 50 depois pra ela”, relatou. No depoimento, porém, ele não diz que a menina sabia de sua intenção de dar a ela o valor. Conforme dito pelo homem, após chegar, ele não pediu a pizza, e a menina se recusou a ter relação sexual com ele. “Tentei convencê-la [a ter relação, mas ela também não aceitou]. Pensei: nossa, e agora? Ela vai falar [para a família] que eu queria ficar com ela. O ‘capetão’ subiu e eu peguei e apertei a guela dela”, detalhou. Ele revelou ainda que a menina o conhecia, já que ele havia se relacionado com a mãe dela em duas ocasiões.