O Carnaval de Belo Horizonte está de luto nesta sexta-feira (20 de junho). Morreu, no início da manhã, a produtora cultural Cris Gil, que foi uma das fundadoras do bloco Havayanas Usadas, e participou em vários dos principais blocos da folia na capital mineira. A artista tratava um câncer de mama desde 2011. 

A morte, registrada às 6h03, foi confirmada a O TEMPO por amigos próximos de Cris. A despedida da produtora acontecerá no próximo sábado (21), de 11h às 13h, no salão do Teatro Francisco Nunes, no Parque Municipal de Belo Horizonte. A pedido dela, os presentes devem, se possível, ir de branco e levar um girassol. "Aos instrumentistas e batuqueiros: tragam seus instrumentos para celebrarmos com muito batuque e amor", orienta o convite para o velório. 

Segundo relato, assinado por Débora Mendes e Karu Torres, integrantes do Havayanas Usadas, Cris iniciou sua trajetória no Carnaval de BH ainda em 2013, integrando a bateria do bloco Baianas Ozadas. "Em 2016, foi uma das fundadoras do bloco Havayanas Usadas, onde atuou como produtora e instrumentista, tocando seu surdo com potência e paixão até 2020, se apresentando em diversos palcos e festivais", afirmam as amigas. 

Nestes quase 10 anos desde a criação do bloco, Cris participou ativamente da construção artística dele, contribuindo na definição de temas e "sempre deixando sua marca de alegria e dedicação". Porém, sua atuação não se restringiu a estes dois blocos, já que ela também esteve presente nas baterias de alguns dos "gigantes" do Carnaval mineiro, como Juventude Bronzeada; Então, Brilha"; e Tchanzinho Zona Norte, entre outros. 

"Cris viveu intensamente cercada de música e amor e é assim que vamos celebrar sua despedida! Até breve nossa amada Cris!", finalizam as parceiras de bloco e amigas da produtora. 

Foto mostra Cris durante o bloco que ajudou a fundar l Guilherme Rezende/O Tempo

 

"Não estou guerreando", dizia artista sobre tratamento do câncer

No Carnaval de 2023, Cris Gil foi homenageada durante o cortejo do Havayanas Usadas. Na ocasião, ela conversou com O TEMPO, afirmando que o Carnaval é "sinônimo de superação" e afirmou que preferia não classificar o tratamento do câncer como uma luta. “Eu não gosto de usar o termo luta. Eu estou passando por um processo de adoecimento, mas não estou guerreando. Quanto mais você se sente bem e tenta superar as coisas, melhor você leva o tratamento”, afirmou. 

Cris agradece o apoio recebido por foliões e diz que é preciso “desmistificar” o tratamento do câncer. “É uma doença grave, mas que hoje existem profissionais e tratamentos”, afirma. “Carnaval é alegria, momento de estar junto, perto das pessoas que gosta. Extravasar sua felicidade, alegria. Fazer o que gosta, seja cantar, dançar, participar. É festa popular, atrás do trio, respeitando”, completou a artista em 2023.