Embora mais de 7 mil quilômetros separem Belo Horizonte de Nova Orleans, neste domingo (22 de junho) essa distância pareceu menor. E quem passou pela Rua Sapucaí pôde sentir de perto a atmosfera da cidade do estado da Luisiana (EUA), com mais uma edição do Sapucaí Festival que teve como tema ‘New Orleans é aqui’.
Mas o que Belo Horizonte tem a ver com New Orleans? Para Fabiana Pinheiro, idealizadora do Sapucaí Festival, essas cidades têm mais em comum do que parece. Elas vibram no mesmo ritmo. “A Sapucaí e essa região são uma espécie de New Orleans mineira, porque aqui convivem todas as tribos e culturas”, afirma a jornalista. A terceira edição do evento reuniu música instrumental, gastronomia, fotografia e até um passeio de jardineira por pontos históricos de Belo Horizonte.
Apaixonada pela cidade, pesquisadora de fotografia e amante do jazz, Fabiana criou o festival em 2019, depois de observar que, mesmo em espaços pagos, era nas calçadas que o público realmente se aglomerava para aproveitar a música.“Eu promovia eventos de jazz com uma curadoria diferenciada e percebi que a rua ficava lotada, com pessoas do lado de fora para assistir. Um dia pensei: ‘quero levar isso para as pessoas, de graça’. Foi assim que nasceu o Sapucaí Festival”, explica.
Leia mais: Dia Mundial do Fusca: apaixonados se reúnem para demonstrar amor por carros antigos
Com uma programação de dois dias, o festival homenageou ícones do jazz como o trompetista e compositor Miles Davis e o contrabaixista, pianista e compositor Charles Mingus. Além da música, o Festival destacou-se também pela diversidade gastronômica. “New Orleans é o berço do jazz, mas tem também uma forte tradição gastronômica ligada à cultura afro-americana, assim como Minas Gerais e sua rica culinária afro-brasileira”, destaca Fabiana.
Embora a programação musical e gastronômica tenha se encerrado no domingo, as atividades continuam com a exposição de fotografias Centro de Todo Mundo, de Michelle Torre e Fabiana Pinheiro. A coleção, que apresenta registros históricos de Belo Horizonte, está exposta no Arquivo Público, no bairro Floresta, e fica aberta para visitação até 20 de julho. “Belo Horizonte nasceu exatamente aqui, na região da Sapucaí e da Praça da Estação. Resolvi unir todas as minhas paixões: música, fotografia e audiovisual para criar o Sapucaí Festival”, explica Fabiana.
Público aprova a festa e a iniciativa
Apesar do sol forte, o clima no Sapucaí Festival era leve e contagiante. Pessoas balançavam a cabeça e se deixavam levar pela música do palco principal. Mas o cuidador de idosos Cidnelson Gonçalves, 55, não se limitou aos acenos, e encontrou um espaço para transformar as ondas sonoras do saxofone, do trompete e do contrabaixo em passos de dança.
“Eu amo dançar e amo jazz, blues e boa música. Estou muito satisfeito com as bandas que vieram para este evento e espero que venham muitos mais para alegrar Belo Horizonte e quem visita à cidade”, ressalta Cidnelson.
Mas não foi só a música e o ambiente acolhedor que fizeram a alegria morador do Aglomerado da Serra. Para ele, a ocupação do espaço tão central e significativo para Belo Horizonte é necessária. “O prefeito que criou este espaço está de parabéns. Eu nasci e cresci aqui, amo esta cidade e fico mais feliz ainda de ter esse lugar para todos nós aproveitarmos a cultura e a arte que Belo Horizonte tem para oferecer”, destaca.