Um adolescente de 13 anos, morador de Perdões, no Sul de Minas Gerais, que estava desaparecido desde sexta-feira (20 de junho), foi encontrado sozinho na Rodoviária de Belo Horizonte neste domingo (22). O menino foi levado por um homem de 58 anos para um imóvel na rua Guajajaras, no centro da capital, onde permaneceu com ele por mais de três horas. Um boletim de estupro de vulnerável foi registrado e encaminhado à Polícia Civil.

A Polícia Militar foi acionada pela primeira vez por volta das 00h30, com informações sobre um adolescente sozinho na rodoviária. A denúncia indicava que o menino vive com Transtorno do Espectro Autista (TEA), o que ainda não foi confirmado por laudos. Sete minutos após a ligação, antes da viatura chegar ao local, o menino já não estava mais lá: havia saído em um carro Citroën C3, acompanhado por um homem.

De acordo com o boletim de ocorrência, por volta das 4h15 — cerca de três horas e 40 minutos depois — o mesmo veículo retornou à rodoviária e deixou o menino no local. Dessa vez, os militares conseguiram abordá‑lo e o reconheceram imediatamente como o adolescente registrado em um boletim de desaparecimento feito pela mãe, na cidade de Perdões. O garoto ainda vestia a mesma roupa que usava quando foi visto pela última vez pela família, na sexta‑feira (20): bermuda jeans e camisa vermelha. 

Os policiais levaram o menino ao Conselho Tutelar, onde os conselheiros recomendaram que ele fosse avaliado por um médico. Segundo a PM, no hospital, o adolescente disse ao médico que teria ido à casa do homem (que o pegou na rodoviária) e que ele o teria feito deitar em uma coberta, abaixado suas calças e "relado" nas suas partes íntimas. Exames foram realizados para tentar identificar algum abuso, ainda sem resposta definitiva. 

Também no hospital, conforme registrado no boletim de ocorrência, o adolescente conversou com uma assistente social e relatou que o homem lhe disse ser amigo de seus tios e conhecer seu pai — embora o menino não o conhecesse. Segundo o relato, o suspeito teria oferecido carona para que o adolescente pudesse carregar o celular. Nessa conversa, no entanto, o menino negou ter sofrido abuso.

Após receber alta, ele foi encaminhado novamente ao Conselho Tutelar, que entrou em contato com a mãe e deu início às tratativas para o reencontro entre eles.

O que disse o suspeito? 

De acordo com o boletim de ocorrência, imagens das câmeras de segurança da rodoviária permitiram identificar e localizar o suspeito. Abordado pelos policiais, o homem apresentou diferentes versões para o episódio. Primeiro, alegou que esteve na rodoviária para encontrar um cliente e não mencionou o menino. Depois, questionado sobre o adolescente, admitiu ter feito contato com ele.

Ao ser informado de que as câmeras o haviam registrado, mudou novamente a versão e disse que o menino lhe pediu ajuda para comprar um lanche, por estar com fome. Em seguida, relatou tê‑lo levado a um imóvel na rua Guajajaras, que funcionaria, segundo ele, como um chaveiro. No local, contou que preparou um lanche para o menino e deitou‑se em um colchão jogado no estabelecimento, enquanto o adolescente mexia no celular.

O suspeito negou ter tido qualquer tipo de contato físico com o menino. Inicialmente, afirmou que permaneceu pouco tempo no imóvel, mas, confrontado com as imagens das câmeras, mudou a versão e alegou ter o costume de levar pessoas para ajudá‑las no local.

O veículo utilizado por ele foi apreendido e encaminhado a um pátio. Os vídeos das câmeras de segurança foram entregues à Polícia Civil junto ao boletim de ocorrência. Não houve prisão até o momento, segundo o registro.

A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) e a Rodoviária de BH e aguarda retorno.