O aumento da tarifa do metrô de Belo Horizonte de R$ 5,50 para R$ 5,80, anunciado nesta terça-feira (24 de junho), pegou muitos usuários de surpresa. A mudança passa a valer nas catracas das estações daqui a uma semana, no dia 1º de julho, mas já preocupa quem depende do transporte para se locomover entre a capital e Contagem todos os dias. A falta de melhorias efetivas nos trilhos foi destacada pelos passageiros, que dizem começar a reavaliar o custo-benefício de continuar utilizando o metrô. Por outro lado, a concessionária defende estações modernizadas, novos trens e o início das obras da Linha 2 como "destaques dos dois anos de gestão".
+ Com a segunda menor linha, BH terá o metrô mais caro por quilômetro rodado entre capitais
Diego Marçal, de 33 anos, é um dos passageiros do sistema metroviário que começou a trocá‑lo por viagens de moto por aplicativo, pelo menos em alguns dias da semana. O assessor parlamentar costuma embarcar na estação Vilarinho, em Venda Nova, para ir ao trabalho, mas afirma estar frustrado com as condições do transporte.
“A primeira pergunta a se fazer é: o que está melhorando para justificar tanto aumento? Porque, sinceramente, os vagões ficam lotados, o intervalo entre as viagens é demorado, e o ar‑condicionado às vezes nem funciona… Não dá para jogar o reajuste nas costas de quem depende do transporte”, critica.
Diego acrescenta que entende a necessidade de reajustes periódicos no sistema do metrô, mas cobra retorno para o bolso do passageiro. “O metrô precisa de investimento, claro, mas aumentar a tarifa sem transparência e sem melhorias visíveis é complicado. Está cada vez mais difícil. No fim, a população começa a pensar se não vale mais a pena pegar um mototáxi ou até ir de bicicleta”, diz.
A partir de 1º de julho, Belo Horizonte terá, isoladamente, o metrô mais caro por quilômetro percorrido entre as 12 capitais brasileiras que contam com sistema metroviário — seja subterrâneo, como em São Paulo, ou por veículos leves sobre trilhos (VLT). A assistente social Jacqueline Soares, de 39 anos, é mais uma passageira que se diz surpresa com o novo aumento, o terceiro em pouco mais de dois anos desde a concessão do transporte.
Para ela, que utiliza o metrô todos os dias para ir ao trabalho, o novo valor vai pesar principalmente no bolso de quem depende de um salário mínimo para viver. “Imagina quem recebe um salário mínimo e depende do metrô para trabalhar, estudar ou ir ao médico? Além de pesar no bolso, isso prejudica a saúde mental das pessoas que já enfrentam tantas dificuldades no dia a dia”, desabafa.
A passageira também critica a falta de melhorias e aponta uma queda na qualidade do serviço. “Precisamos questionar quem realmente se beneficia desses aumentos. Já perdi as contas de quantos reajustes foram feitos sob a justificativa de ‘melhorias e ampliação do serviço’, mas a realidade são trens lotados, atrasos constantes e nenhuma mudança visível no atendimento”, denuncia.
- Nas redes sociais, a notícia do reajuste também repercutiu. Veja abaixo alguns comentários:
Metrô de BH aumentar a passagem, é o mesmo percurso e mesmo metrô desde 1980, ano criado! Brasil já deu!
— Leozin ⭐ ⭐ ⭐ (@uhtolentino) June 24, 2025
O "metrô" de BH vai passar a custar quase seis reais.
— #ForaMattos (@chinazulceleste) June 24, 2025
Terceiro aumento em menos de 2 anos de concessão. E contando! pic.twitter.com/EnbtiGa6f5
A tarifa do metrô de BH vai aumentar semana que vem R$5,80 pra andar numa geringonça de 1990.
— Okànbí Ómò ⛓️⚔️🛡️ (@FabrcioWallace) June 24, 2025
TNC!!!!
O que diz o metrô BH?
A concessionária que administra o metrô alega que o sistema metroviário está avançando na região metropolitana de Belo Horizonte por meio de "estações modernizadas, antecipação de novos trens e o início das obras da Linha 2, até o Barreiro", apresentados como "destaques dos dois anos de gestão".
"Desde o início da operação da concessão do metrô de BH em 2023, a concessionária e o Governo de Minas estão investindo para transformar a realidade da mobilidade sobre trilhos na capital e região metropolitana. A construção da linha 2 e a expansão da linha 1, que já estão em andamento, representam um aumento de 46% de linha metroferroviária a ser utilizada para o transporte de passageiros. Atualmente, a linha 1 conta com 28,15 km de extensão. Ao final das obras, previstas para 2028, a linha do metrô contará com 41,1km de extensão", afirmou, por meio de nota.
A empresa Metrô BH informou ainda que, quando concluída, a Linha 2 atenderá 90 bairros próximos ao sistema metroviário da Grande BH. “A pedido do Governo de Minas, estamos estudando antecipar a implantação e a operação comercial das duas primeiras estações da Linha 2 — Nova Suíça e Amazonas — para o segundo semestre de 2026”, acrescentou.
Além disso, a concessionária cita a aquisição de 24 novos trens, previstos para chegar em BH em 2026. "As composições estão na linha de fabricação da empresa chinesa Changchun Railway Vehicles, subsidiária da CRRC Corporation Limited, a maior fabricante de trens do mundo".