O Ministério da Saúde recebeu, nesta sexta-feira (11/7), a primeira entrega de insulinas recombinantes humanas dos tipos NPH e regular no âmbito da Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), que permitirá ao país fabricar o insumo em território nacional. Segundo o ministro Alexandre Padilha, a expectativa é de que a fabricação seja totalmente nacional em até cinco anos. As 207.385 doses do insumo foram repassadas pela empresa Biomm, de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que já fabrica e distribui ao SUS, desde 2024, um outro tipo de insulina: a glargina.

Embora o lote tenha sido produzido na Índia, o recebimento marca uma fase importante do processo de transferência de tecnologia para a fabricação nacional. A parceria envolve a farmacêutica indiana Wockhardt, a Fundação Ezequiel Dias (Funed) — laboratório público vinculado ao governo mineiro — e a própria Biomm, responsável pela estrutura industrial em Minas Gerais. O investimento na iniciativa é de R$ 142 milhões. Os contratos firmados preveem a entrega de 8 milhões de unidades de insulina — entre frascos e canetas — entre 2025 e 2026.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), acompanhou a entrega e ressaltou o fato de o país poder contar com a produção nacional dos dois tipos de insulina: a glargina e a recombinante humana (regular e NPH). “Isso é muito importante no momento em que existe uma crise internacional de insulina. Os produtores tradicionais estão migrando a planta industrial para produzir outros tipos de medicamentos, como os usados para emagrecimento, gerando uma crise internacional na insulina”, explicou.

Segundo o ministro, o prazo para que as insulinas recombinantes humanas sejam totalmente produzidas no Brasil é de até cinco anos. “Mas, a partir do contrato, os insumos passam a ser registrados pela Funed, laboratório público brasileiro. O registro é público, brasileiro. A gente nunca mais vai perder essa insulina”, destacou.

O diretor de Alianças Estratégicas da Biomm, Rafael Costa, diz que o processo de transferência de tecnologia começa com a importação e embalagem do produto. “Com o passar do tempo, a empresa começa a fazer a produção, a partir da transferência de tecnologia feita pelo parceiro internacional”, detalha.

Produção de insulinas

Nesta etapa, foram entregues 67 mil frascos de insulina regular e 140 mil de NPH, dois tipos amplamente usados no tratamento de pacientes com diabetes. Ao final do processo de transferência, a produção será 100% nacional, com capacidade de atender até 50% da demanda do SUS, o equivalente a 45 milhões de doses por ano.

Além das insulinas regular e NPH, o governo federal também aprovou, neste ano, uma nova PDP (Parceria para o Desenvolvimento Produtivo) para a produção nacional da insulina glargina, de ação prolongada, que já é fabricada, desde 2024, pela Biomm. A proposta é desenvolver a fabricação em parceria com a Fiocruz (Bio-Manguinhos) e a farmacêutica chinesa Gan & Lee, com previsão de produção inicial de 20 milhões de frascos.

A iniciativa faz parte da Estratégia Nacional para o Desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde e tem como objetivo reduzir a dependência externa de medicamentos estratégicos, fortalecer o SUS e garantir o abastecimento mesmo em cenários de crise global.

Atualmente, o SUS oferece quatro tipos de insulina à população, além de medicamentos orais e injetáveis para controle da glicose. O tratamento é feito de forma contínua, com acompanhamento multiprofissional na atenção primária à saúde.