Menos de 24h após sua prisão em um apartamento no Buritis, bairro de classe alta na região Oeste de Belo Horizonte, a "Dama do Crime", uma mulher de 38 anos que foi apontada pela polícia como figura estratégica do Comando Vermelho (CV), ganhou a liberdade. A decisão foi proferida pelo Tribunal de Justiça do Mato Grosso, onde a investigação acontece, ainda na terça-feira (15 de julho), data em que a operação "Reversus" foi deflagrada de forma conjunta entre as polícias civis de Minas e do outro Estado.
A informação da soltura foi confirmada a O TEMPO na manhã desta quarta-feira (16) pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e pelo advogado da suspeita, Marco Antônio de Assis Neves. "A Defesa Técnica informa que, após diligente atuação, foi revogada a prisão preventiva anteriormente decretada, sendo plenamente restabelecida a liberdade da assistida. Desde o início, sustentou-se que a prisão era injusta, desproporcional e desprovida dos requisitos legais exigidos, tratando-se de uma medida precipitada e sem respaldo jurídico", escreveu o defensor da mulher.
De acordo com o advogado, a revogação da prisão não se deu por ela ser mãe ou estar acamada após fazer uma cirurgia plástica na capital mineira, mas, sim, por a detenção "não se sustentar juridicamente".
"Reiteramos também que a cliente não possui qualquer vínculo com o Comando Vermelho ou com qualquer outra facção criminosa. A tentativa de associá-la a organizações criminosas é totalmente infundada, irresponsável e será enfrentada com o devido rigor no processo. Com a liberdade restabelecida, a Defesa seguirá com investigação defensiva própria, reunindo provas e depoimentos que comprovarão sua inocência e a completa ausência de participação nos fatos investigados", concluiu Marco Antônio.
Relembre o crime
A operação "Reversus", que foi deflagrada em conjunto pelas Polícias Civis de Minas Gerais e do Mato Grosso, cumpriu medidas cautelares contra 26 investigados e 50 mandados de busca e apreensão em diversos estados brasileiros. "A ação reforça o comprometimento das forças de segurança na repressão ao crime organizado e na desarticulação de esquemas financeiros ilegais que sustentam essas estruturas", concluiu a polícia mineira.
"O nome da operação faz referência ao trajeto do dinheiro ilícito, que circulava entre diferentes estados para simular legalidade: os valores saíam do Mato Grosso, passavam por contas no Rio de Janeiro e retornavam ao estado de origem, aparentando licitude", detalhou a Polícia Civil.
Nas redes sociais, a mulher se apresentava como CEO e fundadora de um salão de beleza em Cuiabá, Mato Grosso, Porém, ela também informava viver em "Beagá". "Leonina com alma de líder", escreveu a "Dama do Crime" em seu perfil no Instagram.
Apontada como figura estratégica do Comando Vermelho (CV), responsável pela articulação entre as lideranças da facção em diferentes Estados, uma mulher de 38 anos, batizada de "Dama do Crime", foi presa nesta terça-feira (15 de julho) em um apartamento do bairro Buritis, na… pic.twitter.com/5WjClLn7je
— O Tempo (@otempo) July 15, 2025
"Segundo as investigações, a suspeita desempenhava uma função central na comunicação entre lideranças da facção em diferentes estados da federação, atuando especialmente na coordenação de ações interestaduais e no processo de ocultação e reinvestimento de recursos oriundos de crimes como o tráfico de drogas", completou a Polícia Civil.
A investigação ainda teria identificado que a atuação da suspeita na facção se intensificou após a morte de seu companheiro, no fim de 2024. O "conhecido integrante da mesma facção" morreu na Bolívia, país cuja rota do tráfico de cocaína é dominada pelo CV.
Nas redes sociais, ela lamentou a perda. "Eu sei exatamente o que é a dor, o que é sentir que a tristeza está dentro de mim. Desde que uma das pessoas mais especiais da minha vida se foi, meus olhos choram sem parar. Quem me dera acordar e perceber que tudo não passou de um terrível pesadelo", escreveu.