Apontada como figura estratégica do Comando Vermelho (CV), responsável pela articulação entre as lideranças da facção em diferentes Estados, uma mulher de 38 anos, batizada de "Dama do Crime", foi presa nesta terça-feira (15 de julho) em um apartamento do bairro Buritis, na região Oeste de Belo Horizonte. A Polícia Civil informou que a suspeita levava uma vida de luxo.

A operação "Reversus", que foi deflagrada em conjunto entre as polícias Civis de Minas Gerais e do Mato Grosso, que foi responsável pela investigação que apura o envolvimento da organização criminosa em fraudes bancárias e lavagem de dinheiro. 

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"O nome da operação faz referência ao trajeto do dinheiro ilícito, que circulava entre diferentes estados para simular legalidade: os valores saíam do Mato Grosso, passavam por contas no Rio de Janeiro e retornavam ao estado de origem, aparentando licitude", detalhou a Polícia Civil.

Nas redes sociais, a mulher se intitulava como CEO e fundadora de um salão de beleza localizado em Cuiabá, no Mato Grosso. Porém, ela também informava viver em "Beagá". "Leonina com alma de líder", escreveu a "Dama do Crime" em seu perfil no Instagram. 

"Segundo as investigações, a suspeita exercia função central na comunicação entre lideranças da facção em diferentes estados da federação, atuando especialmente na coordenação de ações interestaduais e no processo de ocultação e reinvestimento de recursos oriundos de crimes como o tráfico de drogas", completou a Polícia Civil. 

Ao Super Notícia, o advogado Marco Antônio de Assis Neves, que representa a defesa da mulher de 38 anos, informou que teve acesso à decisão judicial que decretou a prisão preventiva e manifesta, com veemência, que se trata de uma medida absurda e desprovida dos requisitos legais autorizadores.

"Nossa cliente não possui qualquer envolvimento com os fatos noticiados e não conhece nenhum dos demais investigados. Trata-se, portanto, de uma prisão injusta, que será devidamente enfrentada nos termos da lei. Neste primeiro momento, a prioridade será buscar a imediata liberdade dela, bem como iniciar investigação defensiva com o objetivo de comprovar sua inocência e demonstrar que ela é vítima de perseguição ilegal e arbitrária", afirmou em nota.

A defesa da "Dama do Crime" ainda reafirmou a confiança na Justiça e no restabelecimento da verdade, "acreditando que os abusos cometidos serão corrigidos pelas instâncias competentes".

Ainda conforme a Polícia Civil de Minas, a suspeita já tinha sido alvo de investigações e prisão anterior por crimes como associação criminosa e lavagem de dinheiro.

'Dama' aumentou atuação após morte do marido, na Bolívia

A investigação ainda teria identificado que a atuação da suspeita na facção se intensificou após a morte de seu companheiro, no fim de 2024. O "conhecido integrante da mesma facção" morreu na Bolívia, país cuja rota do tráfico de cocaína é dominada pelo CV. 

Nas redes sociais, ela lamentou a perda. "Eu sei exatamente o que é a dor, o que é sentir que a tristeza está dentro de mim. Desde que uma das pessoas mais especiais da minha vida se foi, meus olhos choram sem parar. Quem me dera acordar e perceber que tudo não passou de um terrível pesadelo", escreveu. 

Ao todo, a operação cumpriu medidas cautelares contra 26 investigados e 50 mandados de busca e apreensão em diferentes estados do Brasil. "A ação reforça o comprometimento das forças de segurança na repressão ao crime organizado e na desarticulação de esquemas financeiros ilegais que sustentam essas estruturas", concluiu a polícia mineira.