Preocupado com a falta de chuvas e com a proximidade do período de estiagem - fatores que podem causar aumento no número de incêndios florestais - o Governo de Minas, por meio do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), investiu R$ 750 mil na implantação de um software de acompanhamento geográfico chamado ArcGis, que fornece ferramentas para o monitoramento em tempo real de focos de queimadas nas 95 Unidades de Conservação de Minas Gerais (UCs). A tecnologia, que está funcionando desde o dia 7 de julho de 2025, fica instalada na Sala de Coordenação Operacional do CBMMG, que funciona no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Administrativa. 

De acordo com o capitão Leonan Soares Pereira, do CBMMG, a iniciativa conta com o apoio dos trabalhos do Instituto Estadual de Florestas (IEF-MG). O capitão explica que o mecanismo dispõe de telas e painéis monitorados por militares no CICC, que mostram, via drones e satélites, a localização das equipes de bombeiros em campo e das aeronaves empenhadas nas operações, além de contabilizar as viaturas disponíveis para cada ocorrência de incêndio florestal. Ele ressalta que o ArcGis possui capacidade de fazer uma análise mais incisiva e precisa sobre dados climatológicos e territoriais das UCs, além de contar com o auxílio de rede da Starlink para o envio de informações em tempo real para os militares que atuam no CICC.

“Por meio do espelhamento de algumas telas, a gente monitora, via focos de calor, essas unidades de conservação. Então, diante de qualquer foco de calor que a gente visualiza dentro de uma dessas 95 UCs, nós fazemos um contato com os brigadistas do IEF e com os militares que estão mais próximos para atender a ocorrência”, explicou. O militar ainda ressaltou que por conta da preocupação com a estiagem, o investimento na tecnologia é uma maneira de evitar os prejuízos sociais e ambientais causados pelas queimadas. Conforme o CBMMG, somente em 2024 foram registrados 29.358 incêndios em vegetação em todo o estado e, até o mês de junho de 2025 foram 5.532 casos. 

É possível monitorar focos de calor por meio do espelhamento de telas. Foto: Mateus Pena/O TEMPO

Como funciona a detecção de incêndios?

De acordo com o gerente de prevenção e combate a incêndios florestais do IEF-MG, Rodrigo Bueno Belo, um incêndio pode ser detectado de várias formas dentro de uma unidade de conservação. Rodrigo aponta que os focos são validados pelas próprias UCs, e que as denúncias recebidas são checadas pelo IEF antes de serem consideradas reais. 

“Vamos supor que alguém detecte um incêndio. Pode ser detectado de várias formas dentro de uma unidade de conservação. Pode ser por meio de satélite, ou por uma pessoa que denunciou. Feita essa checagem, é acionado tanto o IEF quanto o Corpo de Bombeiros. Qual equipe vai atender primeiro? A que estiver mais próximo, seja do Bombeiro ou seja do IEF. E muitas vezes estão juntas, inclusive. Então, esse é um exemplo. A gente recebe a denúncia rapidamente, confirma qual a unidade, faz o contato com ela. Esse contato pode ser feito da unidade já ligando também para a sala e falando que detectamos um foco. Não tem que ser necessariamente a sala falando com ele que há um foco lá. É uma via de mão dupla. E aí a gente atua rapidamente para chegar nesse incêndio e aumentar a chance de debelar”, enfatizou Belo.

Questionado se a implantação do software  irá agilizar o trabalho das equipes nas outras regiões de Minas além de Belo Horizonte, o gerente do IEF afirmou que na capital mineira e em regiões mais iluminadas, a resposta sempre será mais rápida por causa da estrutura urbana. Porém, em regiões mais ermas, especialmente o Norte de Minas e a região do alto/médio São Francisco, que são menos habitadas, a resposta é mais devagar por conta das grandes distâncias e dos percursos ruins.

“Quanto mais erma for a área, maior a tendência de levar mais tempo para chegar. Como que a gente ameniza isso? Com a criação de unidades operacionais. Então o Corpo de Bombeiros e o IEF entram com suas unidades operacionais. Além disso, temos a previsão de contratar 280 brigadistas que serão espalhados nessas áreas mais desabitadas. Dessa forma, as unidades de conservação irão distribuir os brigadistas conforme as estratégias de cada uma”, indicou.

O capitão Leonan Soares Pereira, do CBMMG, e Rodrigo Bueno Belo, gerente de prevenção e combate a incêndios florestais do IEF-MG. Foto: Mateus Pena / O TEMPO

Bombeiros terão base avançada na região de Ouro Preto

No ano de 2024, o CBMMG instalou cinco bases operacionais avançadas em Minas, que são compostas por bombeiros militares e brigadistas florestais, que visam reduzir o tempo de resposta nas ocorrências de incêndios florestais nas UCs. E para 2025, a corporação terá uma nova base, que ficará sediada na Floresta Estadual do Uaimií, na região de Ouro Preto, que abriga uma reserva de mata atlântica, espécies de fauna e flora em extinção e recursos hídricos importantes.

Confira onde ficam as outras cinco bases avançadas do CBMMG em Minas:

  • Parque Estadual da Serra do Rola Moça, Região Metropolitana de Belo Horizonte 
    (RMBH); 
  • Área de Proteção Ambiental (APA) Cochá e Gibão, em Bonito de Minas, no Norte de Minas
  • Parque Estadual da Serra do Cabral, em Joaquim Felício, região Central de Minas;
  • Área de Proteção Ambiental (APA) do Alto Mucuri, em Teófilo Otoni; 
  • Bairro Serra Verde, em Belo Horizonte.