“O que a memória ama fica eterno. Te amo com a memória, imperecível.” A frase da poeta Adélia Prado, exposta no Memorial Brumadinho, marcou a abertura da solenidade de assinatura do acordo entre a mineradora Vale e as famílias das vítimas do rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão, em 25 de janeiro de 2019. A cerimônia foi realizada na manhã desta quinta-feira (3 de julho).

“O memorial tem um papel extremamente importante. Ele é uma vitória das famílias, nasce da luta dos familiares por um local de guarda dos segmentos corpóreos e também de contação da história sob a perspectiva deles, para honrar as vítimas. Ele mostra desde os antecedentes do rompimento, como a tragédia poderia ter sido evitada e até as buscas dos bombeiros e a repercussão internacional", disse a diretora-presidente do espaço, Fabíola Moulin.

Para ela, a escolha do local para a formalização do acordo foi simbólica. "A luta dos familiares é por justiça, pela memória e para que tragédias como essa não se repitam. O processo deixa de ser um número e se humaniza aqui. O memorial lembra a tragédia para afirmar que a vida vale mais”, acrescentou. A sensação foi a mesma de Nayara Porto, presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem de Brumadinho (Avabrum).

Memorial Brumadinho reúne lembranças da vítima da tragédia de 2019 - Foto: Fred Magno / O TEMPO

“O memorial é um lugar de memória. Foi idealizado para que essa história seja eternizada. Aqui, as pessoas deixam de ver apenas números e passam a enxergar quem foram as 272 vítimas do dia 25 de janeiro de 2019. Que essa memória seja pedagógica, para que outras tragédias não aconteçam”, afirmou.

Algo para não esquecer

Mãe de uma das vítimas, Jacira Francisca participou da cerimônia nesta quinta-feira (3). Para ela, o espaço armazena a memória daqueles que morreram por causa do rompimento da barragem.

“O memorial representa algo que ninguém vai esquecer. O brasileiro tem memória fraca, e este é o único memorial do Brasil sobre uma tragédia como essa. Lá estão os restos corporais e, aqui, os rostos das vítimas, que antes eram apenas números. Hoje, as pessoas chegam e veem um por um. Ele representa a memória desses trabalhadores que saíram para trabalhar e não voltaram”, disse.

Serviço

O Memorial Brumadinho funciona de quarta a domingo:

  • Quarta, quinta e sexta-feira: das 9h30 às 16h30
  • Sábados, domingos e feriados: das 9h30 às 17h30

A entrada é gratuita. Os ingressos podem ser retirados pelo site memorialbrumadinho.org.br ou na entrada do local — o sistema de ingressos serve apenas para controle de público, não há cobrança.

No sábado, 12 de julho, o memorial terá funcionamento estendido até as 20h, em um evento especial que convida os visitantes a conhecerem também a experiência noturna do espaço. A iluminação externa, projetada especialmente para o espaço, faz parte da proposta de manter viva a memória das vítimas por meio de símbolos visuais.