Fazer o bem para pessoas em situação de rua e ainda contribuir para o meio ambiente. É isso o que tem feito o projeto “Abraços de Dormir”, ação que começou em Belo Horizonte em 2021 e, desde então, une diversos voluntários em favor do próximo. Por meio da iniciativa, são recolhidos guarda-chuvas e caixas de leite para a produção de sacos de dormir, distribuídos para pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Responsável pela ação, a jornalista e professora universitária Tatiana Gianordoli, de 61 anos, conta que, inicialmente, ela doava cobertores para pessoas em situação de rua. Depois, veio a ideia de reutilizar materiais, contribuindo também com o meio ambiente. Segundo ela, nada é desperdiçado. A ferragem dos guarda-chuvas, recebidos por meio de doações, é destinada a ferros-velhos. As tampas das caixinhas são doadas para uma iniciativa que atua na área de castração de animais.

Tatiana paga, do próprio bolso, pela produção dos sacos de dormir, feitos em uma máquina de costura doada. “A distribuição na rua é feita com os meus parceiros. Não aceito dinheiro, apenas doações. É um propósito de alma. Não tem nenhum ato de heroísmo. É pouco, gostaria que a gente fizesse mais. Estamos aqui para evolução espiritual”, diz ela.

Além do benefício para as pessoas que recebem diretamente as doações, Tatiana ainda afirma que é muito importante pensar nas questões ambientais.

“É insustentável as coisas continuarem como estão. As pessoas abrem a janela do carro, jogam garrafas no chão, sendo que é possível reutilizar tudo. Podemos fazer muito com o que temos, e isso pode se multiplicar”, afirma ela, lembrando que menos lixo significa melhora climática e de saúde.

Nas ruas

O trabalho de reciclagem, feito por Tatiana e tantas outras pessoas e empresas, é possível também por causa da atuação dos catadores, que percorrem as ruas em busca de objetos que foram descartados no lixo, mas que podem ser reutilizados.

Sidney Silva, de 44 anos, trabalha desde os 18 anos em restaurantes como chapista, além de atuar também como catador há três anos. “Ando a cidade toda fazendo o bem para o planeta, para nós mesmos”, diz ele.

Para Silva, a transformação do que ele recolhe em novos objetos é algo maravilhoso. “A gente economiza muita coisa no planeta. Assim, não tem que ir tirando mais matéria-prima para fazer outros”, conclui.