Um menor de 15 anos morreu depois de uma ação policial na Vila Embaúbas, próximo ao bairro Nova Gameleira, em Belo Horizonte, na noite dessa sexta-feira (19). Os policiais foram até a rua Cândido de Souza com rua Estevão Musso depois de uma denúncia de tráfico de drogas e que dois suspeitos estariam armados, um deles, vestindo camisa branca, bermuda preta e boné preto.

O boletim de ocorrência traz que a polícia traçou um plano de ação para tentar cercar as imediações do local, já que existe uma grande escadaria na região. Em determinado momento, com as "missões já definidas", os militares "que em princípio estavam se posicionando para cercar uma possível rota de fuga, depararam com um grupo de indivíduos na parte de baixo da escada que dava acesso à rua".

"Considerando o risco, os militares se abrigaram atrás de um veículo que estava estacionado a cerca de três metros do grupo. Imediatamente, um cabo solicitou apoio via rede rádio dos demais militares da operação, considerando o risco que se apresentava. Neste momento o indivíduo trajando camisa branca, bermuda, tênis e boné preto, de arma em punho, desceu as escadas e acessou rua Tupã em direção ao local onde os militares se encontravam abrigados. Diante do risco iminente, os militares abrigados iniciaram a verbalização com o indivíduo no intuito de desarma-lo, com ordens verbais de polícia, dizendo 'larga a arma, larga a arma, entretanto o indivíduo não as obedeceu e apontou a arma em direção aos militares em franca intenção de efetuar disparos, momento que, simultaneamente, os militares, em legítima defesa, adotaram conduta de preservação da vida", diz o boletim de ocorrência.

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O tenente envolvido efetuou dois disparos e o cabo disparou por três vezes. Após perceberem que o "risco foi cessado", fizeram aproximação com mais dois policiais que vieram da parte de cima da escadaria e encontraram o menor alvejado. O boletim de ocorrência cita uma arma ao lado da vítima, que foi socorrida ao hospital João XXIII por uma viatura, que também apreendeu a arma que seria do menor com seis munições intactos.

Já no hospital, o adolescente teve o óbito constatado. O boletim de ocorrência aponta que cinco munições foram encontradas "dentro do bolso da bermuda do falecido". Foi citado também que cerca de 50 moradores da comunidade Vila Embaúbas aproximaram do local do fato e tentaram invadir a "área da ocorrência, mas foram impedidos pelos militares que chegaram no apoio". Os dois militares envolvidos na ação receberam voz de prisão e foram conduzidos à sede do 5º Batalhão. Eles tiveram as armas apreendidas.

Procurado, o Comando de Policiamento da Capital disse que se manifestará por meio de nota ao longo do dia.

Revolta

Pelas redes sociais, familiares e amigos da vítima, além de organizações da comunidade, se revoltaram contra a ação da polícia. Em alguns relatos, pessoas afirmam que o menor na verdade teve o celular confundido com a arma. "Um jovem de 15 anos tendo um celular confundido com uma arma. Não importa o quão correto você se esforce para ser, sua cor e até mesmo em situações que não são suspeitas será levada em conta" (sic), diz trecho de um relato.

"Um jovem negro apenas sentado, pegando um celular, foi assassinado pela polícia, quem devia nos proteger. Celular não é arma, a nossa cor não é ameaça", disse uma parente.

Um perfil da comunidade Vila Embaúbas compartilhou um post que afirma que o menor foi assassinado pelos policiais.