Na manhã seguinte após a morte do jovem Pedro Henrique Costa, de apenas 15 anos, o clima na Vila Embaúbas era de medo e muita revolta. Diversos moradores e testemunhas do crime relatam que a Polícia Militar tem agido para tentar intimidar quem conteste a versão apresentada por eles.
Na noite do crime, ainda enquanto o corpo do jovem ainda não havia sido removido da rua Tupã, diversos moradores se reuniram para protestar contra a ação dos militares.Quem participou do movimento conta que os militares foram truculentos ao tentar dispersar a manifestação e tentou recolher o celular de quem filmava a atitude.
“A Polícia não deixou a gente ter acesso a ele, nem para socorrer. Tanto que eles pegaram o corpo dele e jogaram de qualquer jeito dentro da viatura. Os policiais queriam dar tiro nos moradores que tentavam chegar perto e ainda ameaçaram tomar o celular de quem filmava”, diz a segurança Magdalia Batista, de 35 anos anos.
No momento da entrevista, realizada próxima à escadaria onde o jovem foi morto, uma viatura da Polícia Militar passou por diversas vezes, o que deixou a entrevistada e outras testemunhas com medo de represálias. “A gente nunca sabe o que pode acontecer. Aqui dentro da favela eles matam e não acontece nada”, diz Magdalia.
Pedro estava acompanhado de vários amigos quando foi morto. Neste sábado (20), alguns deixaram a Vila Embaúbas enquanto outros preferiram se manter escondidos justamente por conta do medo da Polícia Militar. “Meu filho está escondido desde ontem, se ele conta o que ele viu ele vai ser morto, fica marcado. Os policiais sabem que cometeram um erro”, diz a mãe de um desses jovens, que também não se identificou. Segundo ela, os militares efetuaram nove disparos e recolheram as cápsulas antes da chegada da perícia.
Ainda na cena do crime, a testemunha diz que o garoto já estava morto quando foi retirado do local. Na versão da PM, o menino foi levado para o Hospital João XXIII ainda com vida.
A revolta na Vila Embaúbas é grande, já que o histórico do jovem assassinado não indica que ele andava armado e que poderia ter atirado contra um policial. Uma nova manifestação contra a ação policial está prevista para ocorrer neste sábado (18).
O que diz a PM
Reafirmando o que foi registrado no boletim de ocorrência, a Polícia Militar de Minas Gerais informou, em nota, que o jovem estava armado e desobedeceu um comando de ordem. O caso está sendo apurado pela Polícia Civil. Confira abaixo a nota da corporação na integra:
"A Polícia Militar, por intermédio do 5⁰ Batalhão, esclarece que os militares foram empenhados pelo Centro de Operações do 190, para averiguar denúncia de tráfico de drogas, tendo o denunciante esclarecido que no local havia aproximadamente 5 individuos, dois deles armados.
De imediato, os militares conhecendo o local de difícil acesso por possuir uma extensa escadaria e haver realmente informação de tráfico contumaz, planejaram a abordagem, dividindo a equipe para cercar todas a rotas de fuga.
No deslocamento, os militares foram surpreendidos pelo individuo armado, que apontou o revólver para atirar, tendo os policiais verbalizado e determinado que largasse a arma e se rendesse, contudo, o indivíduo não acatou e os militares, diante da iminente agressão letal, se defenderam com arma de fogo, tendo os disparos atingido o suspeito, que foi socorrido de imediato.
Foi arrecadada a arma de fogo usada pelo suspeito com 6 Munições, sendo que no hospital, durante atendimento, o enfermeiro J.M.C.J encontrou no bolso da bermuda que vestia o socorrido, mais cinco munições intactas.
As providências de polícia Judiciária foram adotadas, estando as armas da corporação utilizadas na ocorrência acauteladas para perícia técnica"