"Agora eu tenho medo, esse é o sentimento que tenho desse sábado". O relato é da aposentada Neuza de Fátima, de 69 anos, que está há 48 horas fora da casa onde vive, no bairro Jardim Montanhês, na região Noroeste de Belo Horizonte. Ela teve que deixar o local depois que uma aeronave caiu na sua residência, na tarde do último sábado (11).
"Eu comprei essa casa em 1993 e nunca tive medo. Tanto que no dia do acidente, achei que era uma árvore, jamais iria imaginar que um avião iria cair na minha casa", relata a aposentada. No momento do acidente, Neuza estava na sala da casa e foi surpreendida pelo barulho. "Quando eu saí e vi que era um avião, desabei e comecei a chorar", lembra.
O acidente, segundo a aposentada, destruiu parte da estrutura do imóvel. A casa foi interditada pela Defesa Civil de Belo Horizonte. Diante dos riscos, ela teve que se mudar para a casa da prima, no bairro Alto dos Pinheiros, na capital mineira.
"Eu só peguei as coisas que estavam na geladeira, deixei na casa do meu primo e fui para a residência dela. Não tinha energia na minha casa, fiquei com medo das coisas estragarem", conta Neuza. Ela relata que desde o ocorrido ainda não foi procurada pelos representantes do aeroporto Carlos Prates ou pela família do piloto. "O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) me pediu o telefone e foi só isso. Eu espero que alguém me procure, porque não tenho condições", completa.
A moradora de uma das residências atingidas diz que o ocorrido serviu de alerta para ela sobre os riscos de acidentes com aviões na região. "Não dá mais! Esse aeroporto tem que sair e as autoridades precisam agilizar isso para não morrer mais ninguém", sugere.