INSEGURANÇA

Aluno apreendido em MG faz parte de rede nacional que planeja ataques a escolas

Polícia Civil aponta que ele era o único investigado em Minas e que existem outros envolvidos nos demais Estados; grupo tem como referência o massacre em Suzano

Por Rayllan Oliveira
Publicado em 24 de agosto de 2022 | 12:14
 
 
 
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O adolescente de 14 anos apreendido por planejar ataques em escolas da rede pública de Governador Valadares, na região do Rio Doce, em Minas Gerais, faz parte de uma rede nacional que tem como objetivo organizar massacres em escolas de todo o país. De acordo com o delegado da Delegacia de Homicídios da Polícia Civil de Governador Valadares, Mario Bento Costa, responsável pela operação que terminou com a apreensão do adolescente, o grupo articula ações semelhantes ao da Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), ocorrido em março de 2019. Na ocasião, um adolescente e um homem encapuzados atacaram a unidade de ensino e mataram sete pessoas. Em seguida, um deles atirou no comparsa e, então, se suicidou.

"A inspiração deste grupo é o ataque de Suzano, em São Paulo, inclusive com transmissão ao vivo de toda a ação", conta o delegado. Segundo Mario Bento Costa, o adolescente apreendido é o único investigado no Estado. Ele foi denunciado pela Agência de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations - HSI), da embaixada dos Estados Unidos em Brasília. "Foi uma iniciativa preventiva, que inibiu qualquer ato. Ele está em acompanhamento e a situação está inicialmente pacificada", explica. O delegado afirma, no entanto, a existência de envolvidos em outros Estados do Brasil.

O adolescente estava em casa quando foi apreendido na operação que cumpria mandado de busca e de apreensão. O celular do adolescente e um caderno com algumas anotações também foram recolhidos. De acordo com o delegado, no caderno estava anotado o codinome utilizado pelo adolescente para comunicar de maneira secreta com os demais envolvidos. "Ele se comunicava com grupos na internet. Ainda não se sabe se ele foi procurado ou foi ele quem procurou pelo grupo", diz o delegado.

No celular apreendido, os policiais encontraram várias mensagens com o planejamento dos ataques. "Eles tentavam definir se iriam comprar ou alugar uma arma de fogo", explica o delegado. O adolescente disse aos policiais que fazia parte do grupo apenas por brincadeira e que não tinha a intenção de se envolver em ataques as escolas. "Ele tentou minimizar, mas disse que as outras pessoas levavam isso a sério", conta. Os pais, segundo o delegado, não sabiam do envolvimento do filho com a prática criminosa.

Em Governador Valadares, a escola em que ele estuda o seria alvo das ações. As investigações apontaram que o adolescente tinha um rendimento escolar abaixo da média exigida pela instituição de ensino, no entanto não foi possível precisar se este seria o motivo dos ataques. 

A operação identificou o adolescente após rastreamento do endereço de protocolo da intenet, o IP. A ação foi conduzida pela Polícia Civil de Minas Gerais em conjunto com a agência de investigação da embaixada dos Estados Unidos, em Brasília. Foram feitos trabalhos de diligência na escola do adolescente antes da apreensão. Ele foi conduzido junto aos responsáveis para a Delegacia de Plantão da cidade.

O que diz a Secretaria de Estado de Educação?

A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) informa que as escolas da rede pública estadual de ensino seguem um protocolo de ação, para acionar e atuar junto aos órgãos de segurança imediatamente em qualquer caso que envolva infrações dentro das unidades escolares. As equipes de segurança pública comparecem às unidades para averiguar cada situação, prestar orientações necessárias e dar prosseguimento às investigações.
 
Ressaltamos que a SEE/MG desenvolve e estimula a realização de ações de combate à violência no ambiente escolar através do Programa de Convivência Democrática. As ações desse programa contemplam práticas de Justiça Restaurativa e Mediação de Conflitos, que têm como princípio a defesa e a garantia dos direitos humanos nas escolas, além de promover a cultura de paz. Além disso, o programa conta com parcerias da rede de proteção social básica e da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), por meio do Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd) e da Patrulha Escolar, que realiza rondas preventivas no entorno das unidades de ensino, dentro de protocolos estabelecidos entre as partes, propiciando um ambiente mais seguro para a comunidade escolar. O programa contempla ainda atendimento e assessoria aos nossos Núcleos de Acolhimento Educacional (NAE), com assistentes sociais e psicólogos, profissionais capacitados para auxiliar a gestão escolar e professores frente a esse desafio social.
 
O Governo de Minas também está investindo na contratação de prestação de serviços de Vigilância Eletrônica, integrado por sistema de alarmes e sistema de Circuito Fechado de Televisão (CFTV), para reforçar a segurança patrimonial em 3.444 escolas em todo o estado.
 
Para mais detalhes a respeito de ações de segurança ostensiva ou de investigação, sugerimos procurar as autoridades competentes.


 

 

 

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