Após meses de investigações e duas operações para prender uma quadrilha especializada em roubo e extorsão com sequestro de funcionários de bancos, o lider do grupo foi preso nessa quarta-feira (10) na Praia do Morro em Guarapari (ES) e apresentado pela Polícia Civil de Belo Horizonte nesta segunda (15).

De acordo com as informações da Polícia Civil, Marcelo Tadeu Pereira da Silva, o Dupel, de 31 anos, era procurado desde o ano passado. Nos últimos meses foram feitas as operações "Efeito Dominó" e "Caetano" para prender os membros da quadrilha, chefiada por Dupel. Eles cometiam roubos e extorsão e sequestravam funcionários de agências bancárias, em ações popularmente conhecidas como "golpe do sapatinho".

Ao todo, foram presos nove integrantes da quadrilha, fora Marcelo, inclusive um em Barão de Cocais, na região Central de Minas, no momento em que cometia um sequestro, outros dois durante um roubo em Caeté, na região metropolitana de Belo Horizonte e outro na Pampulha. O Delegado Especial de Repressão às Organizações Criminosas (Seroc) enviou 12 policiais, quatro delegados e nove investigadores para o estado capixaba, na ação que culminou na prisão de Dupel.

Histórico

Segundo o delegado Thiago Machado, da 4ª Deroc, a quadrilha era especializada em sequestro de gerentes de banco, e no dia 14 de junho de 2012, Marcelo, que havia sido preso pela Polícia Federal, foi liberado mediante alvará de soltura. “Ele estava envolvido em um sequestro a gerente em Santa Catarina, quando roubaram R$500 mil. Levaram R$452 mil de outro, em Sabinópolis, R$420 mil de uma agência de Caetanópolis e R$230 mil em uma de BH”, explica.

A gangue de Dupel também é suspeita de outros dois sequestros deste tipo que não foram bem sucedidos e de um sequestro de uma funcionária de uma fábrica de jóias, no Barreiro. Na última, durante a fuga, Marcelo chegou a atirar na cabeça do soldado Caetano, que permanece internado em estado grave desde outubro. “Acreditamos que, como prendemos praticamente toda a quadrilha, haverá uma redução significativa nos crimes do sapatinho”, diz Machado.

Além da quadrilha especializada no golpe do sapatinho, Dupel também é responsável pelo tráfico de drogas nas regiões dos bairros Nazaré e Dom Silvério. “Nas brigas pelo tráfico, ele também se envolveu em vários homicídios. Ele está relacionado a pelo menos cinco mortes”, disse o delegado. Em dezembro do ano passado, o suspeito teria mandado matar dois comparsas no bairro Dom Silvério. No fim de janeiro, um atentado tirou a vida de uma criança de dois anos, no São Gabriel. Ele ainda é suspeito de outros dois homicídios, um em fevereiro, e outro no dia 23 de março, também no São Gabriel. “Antes de ser preso, ele já estaria planejando a morte de outras duas mulheres na região, devido a brigas do tráfico”, conclui.

Prisão

Dupel foi preso em Guarapari e os policiais descobriram que ele estaria vivendo lá porque havia um mandado de prisão em Minas contra ele. O suspeito ficava indo e voltando entre os estados, se tornando um criminoso inter-estadual. Com a prisão dele, quatro mandados foram cumpridos, inclusive, um que condena Marcelo a 21 anos por roubo e extorsão mediante sequestro.

O suspeito negou tudo, disse que desde os 18 anos sofre perseguição pela polícia. “Tive que fugir daqui para não ser morto. Não sou perigoso, sou um cidadão comum, preto, fodido. Tenho marcas de tiros, fui baleado três vezes pela polícia, todas sem reação nenhuma. Ele plantaram documento meu dentro do carro roubado”, alegou. Ele ainda confessou que já ficou 8 anos preso e outro dois trabalhando como cozinheiro e voltando para a cadeia.