Escola, supermercado, shopping, campos de futebol, igrejas, templo evangélico, centro comercial e até complexo industrial. Esses são apenas alguns dos estabelecimentos e imóveis que podem ser atingidos pela lama em caso de rompimento da barragem Sul Superior da mina Gongo Soco, em Barão de Cocais, na região Central de Minas Gerais. 

Fora o número elevado de lares a serem inundados pela mancha de rejeitos na cidade, os municípios de São Gonçalo do Rio Abaixo e Santa Bárbara também sofreriam com o rompimento. Para não mencionar os rios Barão de Cocais e Santa Bárbara. 

Essas informações constam em um estudo de ruptura hipotética da barragem Sul Superior produzido por uma empresa terceirizada e aprovado pela Vale no dia 19 de janeiro de 2018. O relatório joga luz sobre 72,5 quilômetros que podem ser completamente inundados e destruídos após o colapso da estrutura. 

Documento obtido pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), produzido pela própria Vale, dá conta de que a barragem pode romper a qualquer momento entre os dias 19 e 25 de maio

O que é o estudo de ruptura? 

Os mapas de inundação produzidos pela terceirizada funcionam como base para a mineradora pensar a evacuação de moradores, considerando inclusive todas as habitações, acessos, pontos de encontro e infraestruturas existentes à jusante da barragem. O relatório em questão também leva o selo da empresa alemã Tüv Sud, envolvida no rompimento em Brumadinho. 

Como ressaltado pelos autores do relatório, a região destacada no incorpora apenas os trechos que sofrerão danos potenciais estruturais diretos.

"A alteração na qualidade das águas certamente apresentarão limites que extrapolam o trecho", ou seja, não é possível prever quais os impactos indiretos sobre os rios atingidos.

Saiba o que pode ser destruído pela lama em Barão de Cocais

Nos resultados alcançados pela auditoria, a empresa destaca que a mancha de rejeitos inicialmente percorria 24,5 km pelo rio Barão de Cocais até alcançar sua foz, no rio Santa Bárbara.

Às margens do primeiro rio estão uma escola estadual, um shopping center, dois campos de futebol, um supermercado e uma empresa de construções. 

Além da comunidade Socorro, localizada a pouco mais de 1 km da barragem. No bairro, casas foram construídas ao longo das duas margens do rio Barão de Cocais.

Os 443 moradores que ali residiam precisaram abandonar seus lares ainda no dia 8 de fevereiro. Na ocasião, o sistema de sirenes disparou pela primeira vez e o nível de classificação de risco da barragem Sul Superior subiu para 2. 

Depois de consumir todo aquele trecho, a lama chegaria em Barra Feliz, comunidade localizada entre Barão de Cocais e Santa Bárbara. Segundo o relatório, a maior parte das estruturas da comunidade estão na margem direita do rio. "Com destaque para uma igreja e um templo evangélico", conforme é pontuado no documento. 

E em Santa Bárbara?

A próxima área a ser engolida pela lama é descrita no relatório como "segundo curso de água" e diz respeito aos 48km do rio Santa Bárbara a serem contaminados pelos rejeitos. 

Às margens do córrego há um centro comercial, um campo de futebol e a Igreja Matriz da cidade. O trecho também é marcado por alta densidade de áreas urbanas e rurais. 

A onda de rejeitos chegaria ainda em São Gonçalo do Rio Abaixo, onde um pequeno complexo industrial na área norte da cidade poderia ser devastado.