Bairro Marajó

Assessora de vereador de BH é acusada de agredir agente comunitária

Além disso, vizinhos também denunciam agressão contra outro morador após processo causado por construção irregular da acusada

Por JOSÉ VÍTOR CAMILO
Publicado em 03 de junho de 2014 | 19:26
 
 
 
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Considerada como encrenqueira por alguns moradores da rua das Amendoeiras, no bairro Marajó, na região Oeste de Belo Horizonte, uma assessora de um vereador é acusada de, juntamente com um irmão, espancar uma agente comunitária da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) no mês de maio. Na versão da acusada, ela é quem teria sido agredida pela funcionária pública. A denúncia foi feita ao portal O TEMPO pela Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MG) e está sendo investigada pelo Ministério Público (MP). 

O caso teria acontecido no último dia 13 de maio na rua das Amendoeiras, onde a assessora Ana Lúcia Pereira Sobrinho mora. Segundo o Boletim de Ocorrência (B.O) feito pela vítima, ela buscou o filho na escola, deixou na casa de uma pessoa que cuidava o garoto e, quando subia a rua, foi abordada pela assessora. Ainda conforme a versão dada à Polícia Miliar (PM), a acusada teria passado a agredí-la de repente, afirmando que a agente comunitária não faria com ela o mesmo que fez com a sua mãe. 

No B.O consta que o irmão da assessora teria segurado a mulher, para a acusada continuar desferindo socos e chutes na vítima. Somente quando alguns garis que trabalhavam na rua gritaram para eles pararem com as agressões é que a funcionária pública teria sido solta. Na versão dada à polícia, a mulher ainda afirma ter agredido Ana Lúcia também, visando se defender. 

Já na versão dada pela assessora à PM, a mulher é que teria iniciado as agressões. Por fim, a acusada diz que denunciará a mulher na corregedoria da PBH. O caso foi repassado à 1ª Delegacia do Barreiro, que já o redirecionou à Justiça, que marcará uma audiência no Juizado Especial.

Conforme as informações da agente comunitária, ela mora no bairro há 26 anos. Ana Lúcia também teria nascido no bairro, mas foi morar no Gutierrez, na mesma região e, recentemente, voltou a viver no Marajó. "Eu fui testemunha em um processo do irmão dela, que ela teria invadido a casa dele. E, desde então, ela vem me perseguindo, fazendo denúncia anônima no meu trabalho, querendo que eu assine advertências", afirma a mulher. 

Após ter sido agredida, a funcionária pública passou por exame de corpo delito e procurou a Promotoria de Direitos Humanos. "Alguns vizinho tem medo, porque ela trabalha com um vereador que é ex-policial. Acha que é polícia, e ninguém pode se aproximar ou reclamar da forma como eles fazem as coisas", denuncia. Agora, o Ministério Público inicia levantamentos sobre as acusações após uma representação feita pela OAB. O objetivo é garantir que todas as medidas sejam tomadas pela polícia. 

Já na versão de Ana Lúcia, ela é quem seria a vítima da agressão. "Eu denunciei ela por não trabalhar direito. Ela fica enrolando, tomando cafezinho, fica três horas dentro de uma casa. Ela deve ter ficado sabendo e veio me agredir, ela é uma louca que agride as pessoas", disse a assessora. Conforme a mulher, ela foi agredida pela mulher e precisou passar o dia internada na Unimed, precisando até mesmo de ficar entubada no dia. 

"Tenho dois protocolos da denúncia e vou levar ela no Conselho Municipal. Não quero que ela seja demitida, mas que seja transferida para outro lugar. Mas enquanto isso estou com medo, preciso trancar a minha casa com cadeado, porque um sobrinho dela saiu do presídio recentemente", disse Ana Lúcia. 

Por fim, a assessora reafirmou que é funcionária pública e dona de uma ONG que atua no bairro há cerca de 30 anos. "Trabalho para a comunidade, consegui 13 salas de aula para a região, quebra-molas", afirmou a mulher

"Ela é atrevida"

Segundo uma outra moradora da rua, que também preferiu não ser identificada para evitar represálias, esta não é a primeira vez que a mulher se envolve em confusão com moradores. "Essa Ana Lúcia é muito atrevida, encrenqueira mesmo. Não tem muito tempo que ela, o advogado dela e alguns parentes espancaram um outro morador. Tudo isso porque eles entraram com uma ação por causa de uma obra que a assessora fez e que invadia o terreno dela. Por causa disso pegaram o genro da dona da casa e espancaram de quebrar costela", garante a mulher. 

Sobre o episódio mais recente, a vizinha disse que não estava em casa, mas que ficou sabendo do que aconteceu. "Soube que a agente comunitária, que é uma menina muito boa, que luta muito para criar os filhos, pediu uma água para uma outra vizinha porque estava andando há muito tempo e passando até mal. De repente aconteceu isso, ela e um irmão agrediram a moça. Se não fosse uns lixeiros para apartar, teria sido pior", afirmou. 

Outros vizinhos da assessora preferiram não comentar sobre a confusão. "Eles tem medo, são covardes. Se eles não fossem assim, ela não estaria deste jeito. Mas eu não vou acovardar, ela não pode mandar no bairro porque trabalha com policial", finalizou a moradora. 

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