Solidariedade

Associação de Contagem doa gás para famílias em situação de vulnerabilidade

Distribuição dos botijões acontece nesta terça-feira (12) e serão beneficiadas as famílias que já estão cadastradas no projeto

Por Lara Alves
Publicado em 12 de maio de 2020 | 09:12
 
 
 
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Duzentas e oitenta famílias de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, retornam para casa nesta terça-feira (12) com a garantia de que haverá gás de cozinha para as próximas semanas. A certeza é fruto de um projeto da Associação Move Cultura que, em parceria com a Central Única das Favelas (Cufa), distribui botijões de gás ao longo de toda a manhã para essas pessoas em situação de vulnerabilidade – condição principalmente acentuada pela pandemia de coronavírus no país. A doação dos botijões destina-se às famílias que já estão cadastradas no banco da Associação, e acontecerá até às 13h. Apesar do alívio, não há previsão de que mais botijões sejam distribuídos.

“Nós somos responsáveis por direcionar os botijões doados para as famílias de Contagem. A Cufa arrecadou 30 mil botijões para todas as favelas do Brasil, são 3.200 para Minas Gerais e 280 distribuídos em Contagem. Eles serão entregues para as famílias que já estão cadastradas nos nossos projetos sociais”, esclarece o coordenador da Move Cultura, Rafael Aquino.

De acordo com ele, após o início da pandemia o número de grupos familiares cadastrados na instituição praticamente dobrou. Hoje são mais de 1.200. “Nós priorizamos (para receber o gás) as famílias que já estavam cadastradas antes e algumas das que vieram depois da pandemia. Felizmente, muitas das famílias estão sendo conscientes nesse momento, então elas próprias nos disseram que estão precisando do gás ou que não estão precisando e por isso poderíamos direcioná-los a outras pessoas. Aqui elas estão sendo muito solidárias, sem lógica de acumulação”, disse.

Uma das grandes preocupações da associação é apoiar aqueles cuja situação tornou-se mais vulnerável após o início da pandemia. “Um mês sem exercer as suas atividades foi suficiente para que essas pessoas entrassem em uma situação em que chega a faltar comida dentro de casa. Um dia sem trabalhar já é suficiente para isso, elas não conseguem ter uma reserva. Nós precisamos de um Estado mais presente, o grau de informalidade das atividades econômicas dessas famílias é muito alto e as deixa muito vulneráveis”, pontua.

Moradora do bairro Eldorado, Joelma Marques está entre as pessoas que viu a própria situação tornar-se mais séria com a pandemia de coronavírus. Desempregada, ela conseguiu ser contemplada na doação de botijões de gás desta terça-feira (12). “Eu só tenho que agradecer, primeiro a Deus e depois a eles da Associação, ao Rafael (Aquino) que é o nosso líder e olha por todos nós, por todos os moradores Eu estou sem renda no momento e R$ 600 não dá pra fazer nada. Minha mãe tem 89 anos e só tem a mim… Esse gás veio numa boa hora, só tenho que agradecer”, conta.

Também desempregada, a auxiliar de limpeza Vera Lúcia, de 48 anos, se cadastrou para receber o botijão de gás e apesar de ter sido contemplada com a doação, não pôde levá-lo para casa. Ela contou que trocou um botijão sem gás, emprestado por uma conhecida, por um novo na Associação. Entretanto, a colega que emprestou a ela o botijão acabou pedindo-o de volta e, por isso, ela perdeu o gás. 

“Eu cheguei, troquei o botijão emprestado pelo novo. Já tinha feito a ficha, me cadastrado. Mas, na hora que eu peguei o botijão novo, essa colega me pediu para devolver… Foi uma decepção muito grande, mas eu não podia fazer nada. Eu estava precisando muito, moro sozinha, estou desempregada e lá em casa não tem nada”, relata.

Projetos sociais

Com sede na rua Monsenhor Bicalho no bairro Eldorado – onde acontece a distribuição do gás, a entidade precisou suspender todas as ações em grupo após o aparecimento dos primeiros casos de coronavírus em Minas Gerais. Aulas de ioga, informática e teatro, por exemplo, estão canceladas por tempo indeterminado.

Diante das novas necessidades das famílias, os computadores instalados na sede passaram a ser emprestados para que as pessoas conseguissem realizar cadastros nos programas de auxílio. O coordenador Rafael Aquino explica ainda que outros projetos precisaram ser pensados para que a assistência básica fosse prestada.

“Inicialmente nós disponibilizamos alguns dos nossos computadores para que as famílias se cadastrassem para receber o auxílio emergencial, o vale-merenda oferecido pelas escolas públicas… com isso, o número de famílias cadastradas com a gente foi só aumentando. Nós temos uma lista grande de pessoas que estão precisando de auxílio nesse momento”, pontua.

Até o momento, a instituição conseguiu distribuir 100 cartões com um crédito para ser gasto em alimentação às pessoas em situação de vulnerabilidade. “Nós chamamos de cesta digital. Cada cartão vem abastecido com o valor de R$ 100 e será recarregado por três meses. O mais interessante da cesta digital é poder dar o poder de compra para a própria pessoa. Isso ajuda a fortalecer o comércio local, e a pessoa pode comprar o que realmente precisa”, comenta Rafael.

Na próxima quinta-feira (14), a Associação Move Cultura iniciará um projeto de financiamento coletivo para arrecadar R$ 30 mil. A quantia será gasta para realização de videoaulas e palestras no espaço da associação, assim como também será revertida para a compra de mais cestas digitais. Quem quiser ajudar, encontra mais informações pelo telefone (31) 2557-6007 ou pelo site www.movecultura.org.br.

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