Pré-Carnaval 2014

Banda Mole e outros blocos arrastam foliões pelas ruas de BH

Segundo os organizadores, cerca de 50 mil pessoas participaram da folia, que teve como tema da festa a provocação “Ficamos Prontos Antes da Copa

Por Lygia Calil
Publicado em 22 de fevereiro de 2014 | 19:00
 
 
 
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O Carnaval ainda nem começou oficialmente, mas pela animação nas ruas de Belo Horizonte, nos blocos de pré-Carnaval, a folia já toma conta da capital. Além da Banda Mole, a festa mais tradicional do Centro da cidade, vários bloquinhos se espalharam pelos bairros arrastando foliões.

Na tarde deste sábado (22), o trecho da avenida Afonso Pena, entre as ruas da Bahia e Guajajaras, ficou completamente tomado por foliões fantasiados que curtiram atrações como a banda do Bororó e o bloco Baianas Ozadas no chão e os trios elétricos com axé music. Segundo os organizadores, cerca de 50 mil pessoas participaram da folia. O tema da festa deste ano foi “Ficamos Prontos Antes da Copa” e contou com bonecos gigantes de políticos, como a presidente Dilma Rousseff e pessoas ligadas ao esporte, como Pelé e o técnico da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari.
Um dos fundadores da Banda Mole, Luiz Mário “Jacaré”, explica que desde a primeira edição, há 39 anos, a intenção é fazer um Carnaval politizado – por isso, a escolha do tema. “Sempre fizemos crítica política e social, mas com a irreverência que essa época do ano pede. Desta vez, quisemos mandar um recado para as construtoras: enquanto todo mundo ainda carrega tijolo de obras que já eram para estarem prontas, nosso bloco já saiu. É para eles aprenderem com a gente”, brinca.

Na multidão, um personagem se destacava vestido com o traje típico de presidiário, listrado de preto e branco à la Irmãos Metralha: o empresário Aristides Pedreira, 55. A fantasia, segundo ele, foi uma “homenagem” ao ex-deputado José Dirceu, condenado no esquema do Mensalão. “Carnaval é bom por isso. A gente protesta, mas se diverte”, diz ele, que levou toda a família para curtir a festa.

Também em família, com três gerações representadas, a auxiliar administrativo Ana Cristina de Souza, 32, levou a filha Maria Carolina, 4, e a mãe, Elza, 51. As preferência de cada uma delas dá a dimensão da diversidade da festa: a menor se encantou pela bateria tocando samba, já a mãe curtiu o axé e a avó, as marchinhas. “É muito legal ver gente de toda idade gostando, e a festa oferece diversão para todo gosto”, diz Ana Cristina.

Vestida de onça pintada, a aposentada Wanda Rocha dos Santos, 77, ensaiava passos de samba pela avenida. “Curto o Carnaval desde os meus 20 anos. O ano para mim só começa depois de curtir muito”, revela a senhora.

Blocos

Em clima mais família do que a ferveção da Banda Mole, e com muitas crianças fantasiadas, o bloco Mamá na Vaca desfilou pelas ruas do bairro Santo Antônio, no Centro-Sul da capital, da praça Cairo até a rua Leopoldina.

Segundo um dos organizadores, Guto Borges, a postura política dos grupos se confunde com a vocação festiva. “Somos um híbrido. Para o Mamá na Vaca, o mais importante é proporcionar uma experiência individual para cada um dos participantes de sentir o bairro e a cidade de uma forma diferente. Aqui, elas se encontram como personagens ativas da cidade em que vivem”, diz.

Não à toa, a dentista Juliana Gracinda Andrade, 32, escolheu um tema político e foi vestida de Pó Royal, em referência à marchinha “Baile do Pó Royal”, ganhadora do concurso deste ano. Fantasia e música satirizam o episódio da apreensão do helicóptero da família Perrela com cocaína. “Trazer essa ironia é também uma forma de protesto. É o jeito do brasileiro mostrar sua indignação pelo que acontece, mas de uma maneira mais engraçada”, afirma. 

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