Região Centro-Sul de BH

Bebê enterrado no quintal de casa na Vila Cafezal nasceu vivo, diz delegado

Corpo do recém-nascido estava em um saco plástico; de acordo com a Polícia Civil, pais foram autuados por homicídio e ocultação de cadáver

Por Letícia Fontes e Rafaela Mansur
Publicado em 12 de outubro de 2020 | 17:41
 
 
 
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O recém-nascido encontrado enterrado no quintal de uma casa na Vila Cafezal, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, na tarde deste domingo (11), nasceu vivo, de acordo com a Polícia Civil. O corpo do bebê estava dentro de um saco plástico.

Policiais militares foram à residência depois de receberem denúncias anônimas sobre um feto. Inicialmente, o casal negou as acusações. Mas, posteriormente, a mulher, de 43 anos, acabou admitindo que pariu o bebê na noite do último sábado (10), após sentir fortes dores na barriga. Segundo ela, a criança nasceu morta e caiu dentro do vaso sanitário enquanto ela pedia um copo de água ao companheiro.

O pai, de 47 anos, teria colocado o corpo, ainda com placenta e cordão umbilical, dentro de um saco plástico e o enterrado no dia seguinte, no fundo do quintal da residência. Ele disse aos militares que queria chamar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas teria sido impedido pela companheira. Ambos disseram que não sabiam da gravidez.

A mulher foi encaminhada para o hospital, onde permaneceu em observação nesta segunda-ferira (12), enquanto o homem foi detido e levado para a Delegacia de Plantão do Barreiro. De acordo com o delegado Marcelo Palladino, ao contrário do que disseram os pais, a necropsia apontou que o bebê nasceu vivo. Apesar de não ser possível precisar quantos meses de formação a criança tinha, ela já estava totalmente formada. 

"Assim que a criança, em tese, tivesse nascido morta, eles teriam que acionar o Samu, mas eles simplesmente enterraram. Nós, já suspeitando dessa versão, acompanhamos a necropsia e ficou constatado que ela, na verdade, nasceu com vida. É mais um indício de que houve, por parte dos pais, algum tipo de rejeição ao nascimento dessa criança", afirma. Segundo o delegado, ainda não se sabe a causa da morte, mas foi observada uma equimose (infiltração de sangue) na cabeça do bebê, o que pode indicar o uso de algum instrumento para bater no crânio.

Além de ocultação de cadáver, ainda havia dúvidas, na tarde desta segunda-feira, se haveria autuação por homicídio e infanticídio, que consiste em matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo depois. Neste último caso, a pena é mais branda, de dois a seis anos de detenção. A conclusão depende de análise clínica.

"Assim que a mulher dá à luz uma criança, existe uma alteração biopsicológica que pode levá-la a cometer um caso de agressão ou tirar a vida do próprio filho. O código penal trata de forma menos gravosa quando a mulher está influenciada por esse estado puerperal", explica Palladino.

Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil, o casal foi autuado por homicídio.

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