A Prefeitura de Belo Horizonte, em parceria com uma Organização Não Governamental (ONG), começará a testar uma alternativa sustentável para amenizar o corriqueiro problema de alagamento de vias, que a cada período chuvoso gera inúmeros transtornos aos moradores da capital.
Trata-se dos jardins de chuva, que, como o próprio nome denuncia, são estruturas construídas com a finalidade de absorver e reter a água das precipitações sobre o solo, ajudando a evitar o surgimento de áreas inundadas na cidade.
A estrutura dos jardins de chuva usa plantas nativas da região e materiais reaproveitados da construção civil, sendo realocados para o subsolo dos canteiros, ajudando na absorção da água das chuvas.
O projeto-piloto será implementado em dois locais, um em Belo Horizonte e outro em Contagem, na região metropolitana da capital. Caso mostrem resultados positivos, a ideia é que os jardins de chuva sejam expandidos para praças, canteiros centrais, passeios e rotatórias.
O primeiro jardim de chuva de BH está sendo construído no Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado, na região Norte, e a escolha do local tem um propósito, conforme explica o presidente da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica, Sérgio Augusto Domingues.
“Ali, podemos ter um controle desse experimento. Uma vez tendo os resultados esperados, vamos poder trabalhar ele em larga escala, dimensionando os custos, a mão de obra, a localização ideal e, aí, sim, incluir no planejamento da cidade para eles fazerem parte das nossas soluções de drenagem”, salienta.
Em Contagem, o mesmo teste será feito na praça Tancredo Neves, que fica em frente à sede da prefeitura, no bairro Camilo Alves. “Além de ter um problema relacionado à drenagem pluvial, que provoca alagamentos em vários pontos da praça, lá é um local utilizado pela população como formas de lazer, cultura e recreação”, explica a secretária de Meio Ambiente de Contagem, Maria Thereza Mesquita.
Estratégias complementares
Para além das grandes obras contra enchentes previstas, como a construção de “piscinões” para o córrego Vilarinho, na região de Venda Nova, estimada em mais de R$ 200 milhões, o jardim de chuva pode ser aliado de outras soluções mais baratas, como a arborização da cidade.
Atualmente, a prefeitura tem como meta efetuar o plantio de 20 mil mudas por ano na capital. “Produzimos muitas mudas no nosso viveiro. Com um estoque alto, a ideia é intensificar a arborização de áreas verdes”, detalha Domingues.
Alvo de reclamação recorrente de moradores de BH, árvores que foram cortadas em ruas e avenidas da cidade ao longo dos últimos anos podem ser substituídas por outras, em novos locais.
“Essas espécies serão plantadas em áreas como parques, jardins e canteiros. O plantio em passeios é complicado. As árvores têm tamanho específico e há outras normas que, às vezes, nos impedem de repor as que foram suprimidas”, justifica Domingues.
Investimento estrangeiro
Para implementar os jardins de chuva em BH, a prefeitura contou com o apoio do Iclei – Governos Locais pela Sustentabilidade, uma ONG global voltada ao desenvolvimento urbano sustentável. Para bancar o projeto na capital, a ONG investiu cerca de R$ 350 mil, que vieram do IKI – um fundo do governo alemão destinado a projetos para o desenvolvimento de cidades sustentáveis.
“É um projeto que estimula soluções baseadas na natureza. É a partir de dinâmicas que respeitam a natureza que podemos pensar nas formas de edificação e desenvolvimento das cidades”, reforçou o secretário executivo do Iclei América do Sul, Rodrigo Perpétuo.
Segundo ele, o projeto foi especificamente pensado para a região metropolitana de BH, que tem sofrido cada vez mais com os períodos chuvosos.