Segurança

Boatos pelo WhatsApp atrapalham atuação da PM

Nesta terça, assassinato de travesti em Brasília foi divulgado como se fosse em BH

Por Danielle Torres
Publicado em 13 de setembro de 2017 | 03:00
 
 
 
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Verdade ou mentira? Quem nunca recebeu no WhatsApp um texto denunciando um crime que o governo está querendo esconder ou a história triste de uma criança pedindo ajuda? Nesta terça, dia 12/09, uma das mensagens mais compartilhadas foi sobre uma travesti que teria sido morta saindo de um motel, perto de um shopping de Belo Horizonte. Segundo a Polícia Militar, o crime até existiu, mas na região de Brasília, na semana passada. A boataria, além de alarmar os usuários sem motivo e prejudicar o comércio citado na mensagem, faz a Polícia Militar (PM) gastar dinheiro público desnecessariamente e ainda deixar de atender ocorrências que realmente existem, enquanto apura se o caso que viralizou é verdade ou não.

No caso de Taguatinga, a 21 km de Brasília, a travesti foi morta dentro de um carro, onde estava com um suposto namorado, perto de um terminal rodoviário. O homem ficou ferido e foi socorrido em estado grave. O caso é investigado.

De acordo com o chefe da Sala de Imprensa da PM, major Flávio Santiago, a corporação tem uma equipe especialmente para checar a veracidade das informações que recebe. “Para a PM, é muito rápido. Nós checamos a informação no momento. Quando a notícia chega pelo WhatsApp é diferente de quando chega pelo 190. As do aplicativo necessitam de uma confirmação”, diz.

Segundo ele, essa checagem é feita pela inteligência da PM, que através de ligações e da internet investiga se o fato é verdadeiro. Mesmo assim, em muitos casos é preciso deslocar uma viatura até o local, o que gera gastos e o principal: os policiais deixam de atender a ocorrências reais. A PM não mede quantas notícias falsas recebe. Mas no caso dos trotes, que movimentam a corporação do mesmo jeito, só no ano passado foram mais de um milhão.

Agências

Especializadas. A veracidade de textos é checada por agências especializadas como a Lupa (piaui.folha.uol.com.br/lupa), Aos Fatos (aosfatos.org) e Truco (apublica.org/truco/).

Rapidez. “Com o WhatsApp, a notícia vem e vai muito rápido, e o pior é que para muitos nunca vai chegar a notícia correta. Nesse caso, as pessoas continuam acreditando que a travesti foi morta em Belo Horizonte”, afirma o major Flávio Santiago.

Lorena Tárcia, professora de webjornalismo no UniBH, explica que esse fenômeno da notícia falsa tem sido chamado de “pós-verdade”. “As notícias ganham popularidade. Temos que ensinar as crianças a utilizar a rede corretamente”, afirma.

 

Site checa casos falsos na rede

Dedicado a esclarecer fatos e boatos que circulam online, o site E-Farsas checa pelo menos uma mensagem por dia. Democráticos, os posts trazem desde alertas sobre casos policiais até declarações atribuídas a políticos, passando por conspirações para esconder a cura de doenças ou combinar resultados de partidas e campeonatos de futebol.

O trabalho começou em 2002, quando as mensagens eram espalhadas por e-mail. Criado pelo analista de sistemas Gilmar Lopes, o site entrou no ar na sugestiva data de 1º de abril, o Dia da Mentira.

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