Brumadinho: bombeiro diz que buscas são como 'procurar agulha em palheiro'

No 90° dia de buscas, encontrar vítimas do rompimento da barragem da Vale nos 269, 84 hectares destruídos pela lama de rejeitos em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, é como "procurar agulhas em um palheiro", afirma o tenente Danilo Braga, da adjuntoria de operações do Corpo de Bombeiros.

Cada dia mais minucioso, o trabalho dos militares se concentra agora em pontos específicos do terreno onde há maior possibilidade de que os 37 desaparecidos estejam soterrados. 

"Estamos em uma fase em que as buscas são muito pontuais, direcionadas aos desaparecidos em função dos lugares onde eles estavam originalmente e da dinâmica de deslocamento do rejeito", explica o tenente. Segundo ele, nesse momento os bombeiros já conhecem pelo nome cada vítima que ainda não foi localizada. 

Uma grande porção de rejeitos ainda precisa ser revirada, em um trabalho delicado que não tem data certa para terminar. "Nós vamos continuar enquanto não encontrarmos todos os desaparecidos ou quando não for mais possível fazer a busca (por causa do avançado estado de decomposição dos corpos)", garante Braga.

Para facilitar o trabalho de buscas, os militares em campo conta com um trabalho de inteligência da corporação, que elimina a necessidade de vasculhar áreas onde a localização de corpos é improvável.

Três meses depois da tragédia, as buscas ainda contam com cerca de 150 bombeiros de Minas gerais, Mato Grosso, Goiás e São Paulo. Cães farejadores também são usados para identificar vítimas em meio aos rejeito revirados por quase 100 máquinas pesadas. Segundo o último balanço da Defesa Civil estadual, 223 pessoas morreram e outras 37 continuam desaparecidas.