Com termômetros registrando máxima de 32°C e umidade relativa do ar em torno de 20%, o domingo (11) tem sido de calor intenso e de clima seco em Belo Horizonte. A reportagem de O Tempo percorreu pontos da cidade para registrar como a população tem lidado com este calorão.

Na praça Raul Soares, no Barro Preto, região Central de Belo Horizonte, pessoas em situação de rua se refrescaram na fonte do local. Por volta de 12h, quando a sensação de calor parecia ainda mais intensa, o local se transformou em um verdadeiro oásis em meio aos prédios e veículos.

Um pouco distante dali, em um dos cartões-postais da cidade, na praça da Liberdade, na região Sul, o que se viu foram pessoas se refrescando com água de coco. A turista de São Paulo Graciela da Silva Rosa, 29 anos, foi uma delas. "Está muito quente aqui em BH. Esses dias estão demais", reclama.

Quem também recorreu à água da fruta, foi a estudante de direito Carolina Cardoso, 19 anos.  Passeando com o namorado, ela afirma “Aqui é água de coco, em casa, é bastante banho e ar condicionado”, conta.  

Já namorado dela, Antônio Carlos, de 19 anos, que veio de São Paulo para visitar a amada, afirma estar sofrendo. "Com a mudança no clima, meu nariz está reclamando. Lá, em São Paulo, eu estava bebendo menos água do que aqui", diz enquanto ele e a amada secam a água dos cocos.

O único que não estava reclamando o clima é o ambulante Sérgio Souza Duarte, de 51 anos. Com o clima quente, as vendas de água de coco também estão aquecidas,  embora tenha sido constatado por ele que - em dias de muito calor - o movimento de pessoas na praça é menor. "Quem salva são os turistas e moradores de BH que vem de longe", aponta.

Na Praça Diogo de Vasconcelos, na Savassi, também região Sul, a reportagem viu crianças - acompanhadas pelos pais - se refrescando no chafariz. "A Giovana, que tem sete anos, olhou a fonte e não resistiu. Pediu pra entrar. Não tive o que fazer", sorri o pai Carlos Ventura, de 48 anos.

Calor demais

O calor e o tempo seco, infelizmente, também tem levado a população a ocupar as Unidades de Pronto Atendimento (Upas) da cidade. Na região Oeste da cidade,  a Sabrina Rocha Amaral, 23 anos, conta que a bronquite da filha de 4 anos atacou com este tempo e não teve jeito: foi preciso buscar ajuda médica.

 "Ela tem reclamado muito de tosse, está com febre. E, hoje, chegou a vomitar, tudo por causa desse tempo. E a bronquite chegou a atacar de ontem pra hoje", relata enquanto segura uma garrafa de 1,5 litro de água mineral. "Ela acordou com a respiração bastante curta, com febre e tossindo muito", reitera. 

Preocupada com a situação da filha, Sabrina conta como se virado para amenizar o tempo seco. "Não tenho muita saída e não tenho muita opção em casa. Assim, tenho dado bastante água e deixado ela brincar com a ducha do choveiro o dia inteiro", conta.

Aguardando atendimento faz mais de quatro horas no hospital João Paulo II, na área Hospitalar, a dona de casa, Ana Paula Campos Rezende, 43 anos, trouxe o filho recém-nascido de 40 dias. Segundo conta, ele está com problemas respiratórios devido o tempo seco. “Estamos com a umidade relativa do ar muito baixa e ele acaba sentido muito”.  

“Tenho feito nebulização faz mais de uma semana, dado remédio, mas não tem dado certo. Como não tive um bom resultado, resolvi procurar hoje um hospital”. Em casa, descreve, tem dado água fresca para o filho e procurado deixar o ambiente mais limdo e úmido. “Mas não tem sido suficiente”, pontua.  

Com baixa umidade e termômetros nas alturas, quem também sofre são os pets. Estefânia Barbosa Magalhães, de 42 anos, aproveitou o bebedouro da praça da Liberdade para se hidratar e também dar água para o cachorrinho. "Meu pet normalmente não bebe água na rua, só quando chegamos em casa. E hoje ele não está aguentando. Está muito quente. O tempo mudou demais. Está muito seco também. Estou sentindo mais o olho seco mesmo, e o cansaço mais rápido na hora de fazer atividade física", descreve.

 

Cuide-se

Estefânia, que é médica, aproveitou a entrevista para dar um alerta à população: "Estamos todos sentindo as consequências desse tempo. Tosse seca, olho seco, muita irritação. É importante hidratar, a gente vai caminhar e se cansa muito mais fácil", destaca. 

Faça sol ou faça chuva, sempre é tempo de pedalar para o ciclista profissional Angelo Sormani, de 53 anos. "Devagar e sempre. Bebendo bastante água e hidratando bem. Já pedalei 53km hoje e já bebi 2,5 litros de água. E ainda vai mais", conta.

(matéria atualizada às 15h11)