Diante do impasses sobre a realização do Carnaval em diversos municípios mineiros, principalmente na capital, que em 2019 fez uma das maiores festas do país e recebeu mais de quatro milhões de foliões, o governador Romeu Zema (Novo) criticou a possível omissão das prefeituras sobre o evento. Em Belo Horizonte, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) já afirmou que o poder público não vai patrocinar a festa, mas pode dar apoio com relação às manifestações espontâneas na cidade.
Segundo Zema, a estruturação e execução de eventos como o Carnaval são de responsabilidade das prefeituras, com orientação e apoio do governo estadual. "O que eu tenho dito é que o pior que uma prefeitura pode fazer é não interferir em nada, é falar ‘eu não tenho nada a ver com isso’, porque tem a ver. Quando nós temos qualquer evento maior, é necessário que cada prefeitura, pelo menos, oriente, organize, apoie, não precisa patrocinar, mas se omitir nesse momento seria o menos adequado a se fazer", disse.
O governador lembrou que a situação epidemiológica no estado é melhor que no início do ano, com mais de 72% dos mineiros vacinados com as duas doses e todas as regiões na Onda Verde do programa Minas Consciente. "O estado vai disponibilizar protocolos e o que as prefeituras devem fazer no Carnaval. A festa significa várias coisas, é renda para várias cidades, um evento cultural que seria retomado. A execução final, o detalhamento, vai caber para cada prefeitura. Esperamos que os prefeitos também façam a sua parte, já que em cerca de 90 dias estaremos com o evento", acrescentou.
90% da população imunizada com as duas doses
Já o secretário de estado de Saúde, Fábio Baccheretti, acrescentou que a expectativa do governo mineiro é que 90% da população esteja imunizada com as duas doses contra a Covid-19 até fevereiro, quando acontece o Carnaval. Além disso, o dirigente lembrou que a maioria do público estará também com a dose de reforço. "O Brasil tem grande adesão à vacina, e isso é bem positivo. As festas já estão acontecendo, os estádios recebendo mais de 60.000 torcedores e isso não tem se refletido nos casos da doença", complementou.
Para o secretário, é crucial que seja dada uma orientação com relação à festa para que não haja riscos. "A área técnica está pensando em como orientar melhor os municípios", enfatizou. Sobre o Carnaval de rua, Baccheretti disse que pode até ser positivo, por ocorrer em locais abertos, desde que o público presente seja controlado. "Existem blocos de vários tamanhos, mas talvez tenha uma limitação com organização do município, para que não ocorra um deslocamento de muitas pessoas para a mesma região", alegou.
Nova onda da Covid-19
Atualmente, o boletim epidemiológico aponta que em Minas Gerais ocorrem 25 casos de coronavírus a cada 100.000 habitantes - no auge da pandemia, o índice já ultrapassou 400. Questionado sobre a possibilidade de uma nova onda da doença, a exemplo do que acontece na Europa, Baccheretti frisou que o estado acompanha diariamente os números. "A sazonalidade da doença passa a ser importante nessas análises (aumento de casos no outono e inverno). Países com baixa vacinação vêm sofrendo mais, quem tem de 60% a 70% da população têm um aumento administrável. Já Portugal preocupa, que mesmo com taxa acima de 80%, enfrenta uma grande alta. Estamos atentos para não cometer erros".