A Polícia Civil encontrou vazamento em tanques da cervejaria Backer, em Belo Horizonte. A conclusão é do inquérito apresentado nesta terça-feira (9), que apurou os casos da síndrome nefroneural, que teria sido provocada pela contaminação de cerveja da Backer por dietilenoglicol.

Segundo a Polícia Civil, a confirmação foi possível após a aplicação de uma solução colorante no sistema de produção que apontou os vazamentos. De acordo com os investigadores, a bomba do refrigerador é responsável por bombear a solução refrigerante por canos que passam pela parte externa dos tanques de fermentação e ajudam a refrigerar o produto dentro.

"A cerveja demora tempo dentro do tanque, ela precisa ser maturada. A Belorizontina demora 14 dias dentro desse tanque. Existem outros tempos de outras cervejas e aí nós encontramos o vazemento dentro do tanque, literalmente jorrando o líquido tóxico dentro da cerveja", explicou o delegado Flávio Grossi.

No início da entrevista para apresentação das conclusões, a Polícia Civil falou que 11 pessoas foram indiciadas por homícidio culposo e lesão corporal. 

O delegado ainda explicou que foram encontrados, em 2018, vazamentos em tambores da Backer.

"Nós encontramos um tambor na área de descarte da cerveja que tinha dietilenoglicol, mas era sinalizado monoetilenoglicol. Ele era datado de 2018", disse Grossi, que complementou: "Tenho lotes de cerveja analisados pelo Ministério da Agricultura, no início de 2019, em que já tinhamos altos índices de dietilenoglicol em lotes da cerveja Belorizontina. O lote raiz comprova que existiam contaminações anteriores ao lote da Belorizontina", afirmou.

Intoxicação

As substâncias teriam causado a intoxicação em 29 pessoas e sete delas vieram a óbito, provavelmente por causa da síndrome nefroneural. Outras 30 pessoas registraram reclamações relacionadas à intoxicação pela cerveja. 

"A questão não é se estava usando mono ou dietilenoglicol. A intoxicação é a mesma. A questão é que estava usando um produto tóxico. Se era o di ou se era o mono, não faz diferença, os dois são tóxicos", explicou o delegado Flávio Grossi, falando que houve interesse em grande expansão da produção, que teria causado um descontrole na produção e aumento do uso da substância tóxica.