Dietilenoglicol

Caso Backer: Sobe para 11 o número de casos confirmados de pessoas contaminadas

Ao todo, Polícia Civil investiga 38 casos que podem estar ligados ao consumo de cerveja com substância tóxica

Por Isabella Melano
Publicado em 06 de março de 2020 | 18:36
 
 
 
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Após 60 dias de uma complexa investigação sobre a contaminação das cervejas da Backer e intoxicação de consumidores, a Polícia Civil de Minas Gerais informou em coletiva de imprensa, nesta sexta-feira, que nos testes de sangue feitos pela corporação foram diagnosticados 11 casos positivos para dietilenoglicol, substância responsável pela intoxicação. Este número inclui quatro das seis pessoas que vieram a óbito pela intoxicação.

Ao todo, Polícia Civil investiga 38 casos que podem estar ligados ao consumo de cervejas da Backer contaminadas com dietilenoglicol. No entanto, segundo o Delegado Flávio Grossi, responsável pela investigação este número pode aumentar.

“Agora, em acordo com o a Secretaria de Saúde, haverá uma extensão da janela temporal de contaminação e uma classificação das contaminações”, explicou.

Grossi ainda disse ainda que na próxima semana vai ser iniciado o trabalho final com as vítimas de intoxicação.

Em relação à perícia de engenharia conduzida na cervejaria, localizada no bairro Olhos D'Água, na região metropolitana de BH, passa a compor os trabalhos nesta fase final de investigação o Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (CDTN) do Ministério da Ciência e Tecnologia, localizado na UFMG.

Segundo o superintendente de polícia técnico-científica e médico legista, Thales Bittencourt, já houve uma visita do CDTN à Backer nesta sexta. Na próxima semana, será concluída a primeira fase da perícia, que é a análise dos eventuais vazamentos dos tanques através de uma partícula que não vai se confundir com o mono ou dietilenoglicol.

“É uma metodologia extremamente sensível, que avalia os vazamentos de até uma parte por trilhão”, o que, segundo Bittencourt, permite dar celeridade aos trabalhos investigativos. 
A fábrica da Backer foi interditada pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), que também determinou recall de cervejas.

Banida

Ainda nesta sexta-feira, o Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (Sindbebidas) abriu um processo para descredenciar a Backer em função de uma declaração dada, em audiência pública na Câmara Municipal de Belo Horizonte, pelo advogado da Cervejaria, Estêvão Nejim. 
O defensor disse, na ocasião, sem entrar em detalhes, que laudos e análises identificaram “traços, chamados de sinais instrumentais, de mono e dietilenoglicol em várias outras marcas de cerveja”.

De acordo com o vice-presidente do Sindbebidas, Marco Falcone, não houve ainda o descredenciamento da Backer porque o estatuto prevê que ela seja notificada primeiro para apresentar a sua defesa.
A Backer foi procurada pela reportagem, mas ainda não se manifestou sobre o assunto.

Impasse 

Nessa quinta-feira (05), a 23° Vara Cívil de Belo Horizonte exigiu que a Backer comprovasse, dentro de 48 horas, o pagamento das despesas médicas e demais gastos das vítimas de intoxicação por dietilenoglicol.  

A cervejaria chegou a dizer que não tem condições de bancar as despesas porque a própria Justiça bloqueou os bens da empresa em fevereiro, durante audiência pública realizada na Câmara de Belo Horizonte. O valor pode chegar à quantia máxima de R$ 100 milhões.

A decisão judicial partiu de uma nova manifestação no processo por parte do Ministério Público, que afirmou que “a Backer, mais uma vez, demonstra na mídia e perante todos os órgãos públicos sua falta de sensibilidade e tenta, de várias formas, enganar a população com declarações inverídicas e sem qualquer fundamento”. 

De acordo com o MP, a alegação de estar impossibilitada de cumprir as determinações judiciais, em razão de bloqueio de bens, não procede, tendo em vista o alto lucro obtido nas nove sociedades componentes do Grupo econômico familiar Khalil Lebbos.

Ainda segundo o órgão, as empresas se movimentam na tentativa de ocultar e dilapidar o patrimônio, além de descumprirem as determinações judiciais.

Com isso, o Ministério Público solicitou a aplicação de multa de R$ 1 mil para cada uma das 13 vítimas cadastradas no processo, bem como  a inclusão de outras duas pessoas.

Procurada, a empresa informou que ainda não foi notificada de nenhuma decisão nesse sentido.

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