Covid-19

Com estoques baixos, hospitais mineiros não recebem remédios emergenciais

Ministério da Saúde distribuiu 806 mil doses entre Estados e deixou Minas de fora; BH fala em desabastecimento da rede

Por Tatiana Lagôa
Publicado em 12 de julho de 2020 | 09:46
 
 
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O Ministério da Saúde distribuiu 806 mil doses de medicamentos para intubação entre os Estados brasileiros e, por enquanto, Minas Gerais não entrou na lista dos agraciados. Vários hospitais mineiros já registram desabastecimento de remédios importantes no tratamento da Covid-19, sobretudo agora, quando a curva da doença está em ascendência no Estado.

Segundo informações do Ministério da Saúde, os medicamentos emergenciais foram levados para os Estados que estavam com estoques reduzidos. São eles: São Paulo, Roraima, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Amazonas, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Amapá, Ceará, Maranhão, Paraíba, Tocantins e Sergipe. 

Ainda segundo o governo federal, foi aberto um processo de pregão para possibilitar a adesão de Estados e municípios que necessitem de medicamentos. Até quinta-feira passada (9), 19 Estados, incluindo Minas Gerais, e sete capitais, contando com Belo Horizonte, aderiram ao programa, que receberá inscrições até a segunda-feira (13). Depois disso, o governo vai identificar quem precisa de medicamentos para ir em busca de fornecedores. A promessa é que o processo demore cerca de 15 dias após o encerramento do prazo de adesão. 

A agilidade é importante porque cidades, como Belo Horizonte, não conseguem mais esperar. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde da capital disse que “acompanha com preocupação a situação do desabastecimento de anestésicos na rede hospitalar. A Rede SUS-BH conta hoje com estoque de anestésicos e bloqueadores neuromusculares para suprir a demanda do município e já está em articulação com fornecedores e governos Estadual e Federal para que o desabastecimento seja resolvido. Esses medicamentos são necessários para que pacientes contaminados pelo Coronavírus sejam entubados”. 

    Ainda segundo a prefeitura, o Executivo já repassou mais de 3 mil doses de ampolas de medicamentos,como anestésicos, sedativos e bloqueadores neuromusculares para hospitais filantrópicos da capital credenciados da rede SUS. Segundo a secretaria, esse tipo de medicamento já está em falta nos hospitais, o que teria levado a pasta a fornecer parte do seu estoque para garantir a assistência aos pacientes internados. Entre os hospitais contemplados pelos insumos da Prefeitura de Belo Horizonte estão a Santa Casa, o Hospital São Francisco e o Hospital Luxemburgo. 

O provedor da Santa Casa de BH, Saulo Levindo Coelho, confirma a ajuda. Segundo ele, o hospital estava ficando sem condições de fazer o atendimento e precisou de apoio. “Somos o maior hospital de Minas Gerais, com 80 leitos de UTI e CTI, passando para cem agora. De uma hora para outra, aumenta o número de pacientes de uma forma absurda. Tivemos uma fase de desabastecimento e contamos com a ajuda da prefeitura de Belo Horizonte”, conta. 

O diretor técnico e assistencial da Santa Casa da capital, Guilherme Riccio, há cerca de um mês e meio o hospital viveu uma crise de disponibilidade de medicamentos e teve que recorrer a ajuda de hospitais parceiros e da prefeitura. Uma das estratégias adotadas foi o adiamento de cirurgias não urgentes. Agora, a situação já está resolvida, inclusive com um acordo de longo prazo com fornecedores de medicamentos.  

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde disse que: “monitora a situação para garantir o acesso a esses medicamentos pelos prestadores no âmbito do SUS em Minas. Ressalta que, em relação às instituições vinculadas à Administração Pública estadual, as aquisições e entregas de insumos e medicamentos são feitas por meio de fornecedores licitados e cadastrados no sistema estadual, por meio da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (SEPLAG). Esses itens são distribuídos nas unidades e existe um gerenciamento de estoque, que, por se tratar de uma rede, tende a ser mais robusto. Apesar da dificuldade encontrada em algumas entregas pontuais, até o momento, não houve desabastecimento desses medicamentos nas unidades estaduais”.

A reportagem aguarda um retorno do Ministério da Saúde. 

 

Em atualização.

 

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