Um grupo de lojistas da capital mineira marcou de fazer um protesto na manhã desta segunda-feira (29) em frente à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para reclamar da decisão do prefeito Alexandre Kalil (PSD) de fechar o comércio considerado não essencial devido à pandemia de coronavírus.
Segundo um dos participantes, Pedro Moreira, de 28 anos, o movimento tem o objetivo de chamar a atenção para um possível clima de guerra que o chefe do Executivo Municipal tem promovido. "A essência do grupo não é pedir para o Kalil sair, pois isso nós vamos reclamar é na urna. O fato é que ele está criando um clima de guerra desnecessário", disse.
"Se ele está tão preocupado com saúde e vidas, por que ele não investe mais em leitos? A PBH investiu R$ 42 milhões em propaganda e ficamos 100 dias fechados. Ele disse que BH é a melhor porcaria do Brasil: como, se São Paulo e Rio estão reabrindo?", ponderou.
No entanto, o lojista, que é do ramo de acessórios para moda, concordou que a situação com relação à doença está cada vez pior. "Nós concordamos que as taxas estão aumentando. Mas cadê os leitos que você falou que ia abrir? O que precisa? De verba? Vamos conversar então", pediu.
Saiba o que não poderá mais funcionar em BH
"Fechar a cidade não vai fazer o vírus ir embora, nós queremos diálogo. O senhor precisa de uma abertura com consciência? Então não vamos deixar cliente provar mercadoria, por exemplo. Vamos seguir as diretrizes europeias. O fechamento não é o caminho, pois vamos colher uma crise muito grande da cidade no curto e médio prazo", concluiu.
Passamos dos 100 dias e Belo Horizonte continua fechada. 100 dias é prazo mais do que suficiente para o Prefeito Kalil já ter construído o hospital de emergência, comprar respiradores, máscaras e testes para a população. Não tem mais desculpas!#ReageBH pic.twitter.com/VZs2d4kiMW
— Dirceu Brandão (@dirceubrandaomg) June 28, 2020
Outro lado
A PBH informou por meio de nota que se reuniu com representantes de entidades comerciais e do Legislativo por sete vezes (entre 5 de maio e 3 de junho). "Nesse período, o município dialogou com os comerciantes, acatou propostas e sugestões para o retorno das atividades. Também elaborou, em conjunto com o grupo, as fases de reabertura (comércio) e os setores que seriam incluídos em cada uma delas. Após essas definições, o grupo encerrou seus trabalhos para que o Comitê de Retomada pudesse discutir soluções com representantes de outras atividades econômicas (academias, escolas, clubes, entre outros)", disse.
A prefeitura ainda esclareceu que as fases de reabertura do comércio já foram construídas, mas a sua efetivação, como datas, manutenção, avanço ou retrocesso, dependem do resultado dos indicadores epidemiológicos - índice de transmissão e taxas de ocupação de leitos de UTI e de enfermaria para Covid-19.
Empregos
Ainda de acordo com a PBH, 776 mil empregos (87% do total) do setor privado vão se manter ativos com o fechamento do comércio nesta segunda-feira. Ao todo, 151.295 empresas (82,4% do total) e 129.684 microempreendedores individuais (63,5% do total) continuam funcionando.
Leitos
Uma das queixas apresentadas pelo comerciante acima foi em relação à quantidade de leitos disponíveis. Segundo a PBH, somente em junho, foram abertos 232 leitos Covid- 19 no sistema público, sendo 81 UTIs e 151 enfermarias. Atualmente são 1.099 leitos Covid-19, sendo 798 de enfermaria e 301 de UTI.
"O aumento da oferta de unidades para o atendimento de pacientes acompanha o planejamento feito pela Secretaria Municipal de Saúde junto aos hospitais e a evolução dos indicadores epidemiológicos e assistenciais em relação à pandemia. As UTIs são abertas conforme necessidade, e sempre com recursos humanos e equipamentos necessários para o funcionamento", explica.